Nos últimos dias, a revelação de que o cantor Gusttavo Lima detém 25% de participação em uma plataforma de apostas e estaria envolvido em supostas atividades de lavagem de dinheiro trouxe à tona uma questão central para a sociedade brasileira: a aplicação da justiça para os poderosos.
“A riqueza não deve servir como um escudo para a impunidade.” Essa frase, que deveria ser um princípio indiscutível em qualquer democracia, parece desafiar o imaginário coletivo quando se trata de figuras públicas ou milionárias. Gusttavo Lima, um ícone da música sertaneja e do show business, construiu um império financeiro admirado por muitos. Mas, à medida que surgem indícios de que parte desse sucesso pode ter sido facilitada por atividades ilícitas, a sociedade se vê obrigada a refletir sobre a justiça e a igualdade diante da lei.
Ser bem-sucedido, construir fortuna e influenciar milhões de pessoas através do talento e da música são conquistas inquestionáveis. No entanto, esses méritos não podem, em nenhuma hipótese, justificar comportamentos que desafiem o Estado de Direito. A riqueza, como mencionada, não deve se transformar em um meio de escapar das responsabilidades legais. Se Gusttavo Lima, ou qualquer outra personalidade, utilizou sua posição financeira para ocultar práticas criminosas, deve ser tratado como qualquer outro cidadão comum.
O fato de que um indivíduo acumula poder e influência através de fortunas não pode ser visto como uma licença para a impunidade. A Justiça precisa ser equânime, assegurando que todos, independentemente de sua posição social ou econômica, respondam por suas ações. Qualquer tentativa de se eximir das consequências legais utilizando dinheiro ou influência financeira é uma afronta ao Estado de Direito, algo que, infelizmente, é recorrente em países como o Brasil, onde personalidades públicas costumam se valer de conexões políticas e empresariais para driblar a justiça.
Gusttavo Lima não é o primeiro nem será o último a enfrentar acusações de lavagem de dinheiro. Contudo, o que está em jogo aqui é muito mais do que a imagem de um cantor ou de uma empresa. Trata-se de um exemplo claro de como o Brasil, um país ainda marcado pela desigualdade, lida com aqueles que detêm poder econômico. Permitir que figuras como ele, se comprovadamente envolvidas em atividades ilícitas, saiam impunes é um retrocesso moral que perpetua o ciclo de privilégio e corrupção.
A aplicação da lei deve ser cega, como o símbolo da Justiça representa. O olhar indiferente para status ou fortuna é o que preserva a integridade de uma nação. Permitir que crimes sejam acobertados pela riqueza é corroer a confiança das pessoas nas instituições, fragilizando o pacto social que sustenta uma democracia.
Portanto, é imperativo que o caso de Gusttavo Lima seja tratado com o rigor e a transparência devidos. O dinheiro pode comprar muitas coisas, mas não deve comprar impunidade. O Brasil precisa seguir adiante e demonstrar que não há ninguém acima da lei. A justiça não pode ser subserviente ao poder do capital; pelo contrário, deve ser a guardiã que garante que a riqueza não se transforme em uma arma para blindar criminosos.
Que este seja um exemplo de como a Justiça é capaz de equilibrar as forças entre aqueles que têm muito e aqueles que têm pouco, para que, no fim das contas, todos sejamos iguais perante a lei.