No dia 29 de setembro, Vitória da Conquista presta uma justa homenagem a uma parcela significativa de sua população ao celebrar o Dia do Miguelense. Essa data, instituída pela prefeita Sheila Lemos, através de um projeto de lei do vereador Luís Carlos Dudé, reconhece a importante contribuição dos migrantes de São Miguel das Matas, uma cidade do Recôncavo Baiano, para o desenvolvimento social, cultural e econômico de Vitória da Conquista. A instituição desta comemoração é um marco que destaca o papel dos miguelenses no crescimento da cidade e na construção de sua identidade diversa e plural.
A história da migração dos miguelenses para Vitória da Conquista, especialmente nas décadas de 1950 e 1960, é emblemática de um movimento de busca por novas oportunidades. Motivados por razões econômicas, muitos deixaram suas terras natais no Recôncavo Baiano – uma região com profundas raízes históricas e culturais no Brasil – em busca de trabalho, estudo e melhores condições de vida no próspero Sudoeste baiano. Ao chegarem, não trouxeram apenas a vontade de progredir, mas também sua rica cultura, religiosidade, arte e gastronomia, que rapidamente se integraram ao tecido social conquistense.
Esse fluxo migratório fez de Vitória da Conquista um mosaico cultural, onde a contribuição miguelense passou a ocupar um lugar de destaque. Sua música, sua fé e suas tradições são exemplos vivos de como a história de um povo se entrelaça à de uma cidade, ampliando e enriquecendo seu repertório cultural. O Recôncavo Baiano, terra de lutas e de manifestações culturais diversas, como o samba de roda e a capoeira, é um celeiro de manifestações populares que reverberam para além de suas fronteiras. E os miguelenses trouxeram consigo esse vigor cultural, tornando-se protagonistas na cena artística e política local.
A decisão de instituir o Dia do Miguelense, mais do que um gesto simbólico, é uma ação de reconhecimento que busca valorizar e resgatar a memória e a identidade desse grupo. Em muitas ocasiões, as narrativas históricas acabam por invisibilizar a participação de migrantes e minorias no processo de desenvolvimento de cidades e regiões. Assim, essa iniciativa se torna fundamental para reafirmar a importância de contar a história de todos aqueles que ajudaram a moldar a Vitória da Conquista contemporânea. É, também, uma oportunidade para que os miguelenses celebrem suas raízes e sintam orgulho de sua jornada e de sua contribuição para o crescimento de uma das cidades mais importantes do interior do Nordeste.
Vitória da Conquista, hoje, ostenta um dos maiores PIBs da região, com mais de 7 bilhões de reais. A cidade se destaca em áreas estratégicas como educação, saúde e segurança pública, além de ser um polo regional que abrange cerca de oitenta municípios na Bahia e dezesseis no norte de Minas Gerais. No entanto, é essencial que, ao olhar para seu presente de grandeza e seu futuro promissor, a cidade nunca perca de vista as bases que a sustentaram, entre as quais está a migração dos miguelenses. Eles desempenharam um papel crucial em diversos setores, desde o comércio e a agricultura até a política e a vida comunitária.
Celebrar o Dia do Miguelense é, portanto, mais do que recordar a contribuição de um grupo específico: é reconhecer a riqueza da diversidade que compõe a sociedade conquistense. É reforçar o valor da integração cultural, que fez de Conquista o que ela é hoje. Cada miguelense que contribuiu com seu trabalho, suas tradições e seu esforço é parte integrante do sucesso da cidade.
Essa celebração também nos convida a refletir sobre a importância da solidariedade e do respeito entre os diferentes povos e culturas que compartilham este espaço. O Brasil, com sua pluralidade de identidades e influências, nos oferece constantemente a oportunidade de aprender com a convivência entre diferentes grupos. A lição que tiramos do Dia do Miguelense é que o progresso e o desenvolvimento não se dão isoladamente, mas em comunhão. São Miguel das Matas, através de seus filhos e filhas, nos ensina que a verdadeira força de uma cidade está na sua capacidade de acolher e integrar.
Por fim, ao celebrarmos essa data, reafirmamos o compromisso de preservar as histórias daqueles que vieram antes de nós e que, com esforço e dedicação, ajudaram a construir a Vitória da Conquista de hoje. Assim como os miguelenses trouxeram consigo suas tradições e valores, nós devemos garantir que suas histórias e suas contribuições continuem sendo lembradas e honradas por futuras gerações.
O Dia do Miguelense não é apenas uma homenagem; é um convite à união e ao reconhecimento de que, juntos, com nossas diferenças e semelhanças, somos mais fortes e capazes de construir um futuro próspero e inclusivo.