Política e Resenha

ARTIGO – A Interferência nas Eleições Proporcionais: Um Fantasma que Assombra a Democracia Brasileira

 

(Padre Carlos)

No cenário político brasileiro, um fantasma ronda as eleições proporcionais, especialmente aquelas destinadas a eleger nossos vereadores. Trata-se da interferência indevida de candidatos majoritários e lideranças partidárias, que insistem em priorizar algumas candidaturas em detrimento de outras. Este é um tema de extrema importância que merece nossa atenção urgente, pois corrói as bases da representatividade democrática e mina a igualdade de oportunidades no processo eleitoral.

É inegável que, em uma democracia saudável, alianças e apoios políticos são parte natural do jogo. No entanto, o que testemunhamos hoje vai além dos limites do aceitável, transformando-se em uma interferência que distorce a essência das eleições proporcionais. O cenário é desolador: candidatos majoritários e caciques partidários canalizam recursos, visibilidade e apoio para um seleto grupo de “escolhidos”, relegando outros concorrentes ao ostracismo. Estes últimos, muitas vezes os mais comprometidos com causas locais e populares, acabam usados apenas para formar o coeficiente eleitoral, sem nenhuma chance real de elegerem-se.

Esta prática não apenas compromete a essência da democracia representativa, mas também sufoca a pluralidade de vozes que deveriam ecoar nas Câmaras Legislativas. As eleições proporcionais, concebidas para ser um palco da diversidade, têm se transformado em um teatro controlado por poucos, onde as cordas são manipuladas pelos poderosos. A democracia, assim, perde uma de suas qualidades mais preciosas: a capacidade de refletir a complexidade e a diversidade de sua sociedade.

O eleitor, peça central da engrenagem democrática, é uma vítima involuntária deste sistema viciado. Ao votar, crê estar contribuindo para a eleição de um representante de suas aspirações e necessidades. Contudo, o que ocorre frequentemente é que seu voto acaba beneficiando um esquema que pouco se importa com sua realidade.

É fundamental que os candidatos proporcionais compreendam a urgência de se insurgir contra essas manobras que corroem o sistema eleitoral. A política não deve ser um jogo de cartas marcadas, mas sim um campo onde ideias, projetos e compromissos com a sociedade prevaleçam sobre interesses mesquinhos. Para combater essa interferência, precisamos de uma ação coordenada e vigorosa: a sociedade civil precisa manter-se vigilante, os partidos devem adotar práticas mais transparentes e, acima de tudo, o eleitor deve ser conscientizado da importância do voto consciente.

A luta por eleições mais justas e democráticas é uma batalha árdua, mas necessária. Sem ela, não conseguiremos fortalecer nossa democracia e garantir que o poder realmente emane do povo. O caminho é longo, mas cada passo dado em direção a eleições mais equitativas nos aproxima do ideal democrático que tanto almejamos. Que tenhamos a coragem de trilhar esse caminho e de garantir um futuro mais justo para as próximas gerações.