O Política e Resenha vem acompanhando de perto o comportamento do eleitorado nas grandes cidades e capitais do Brasil. A tendência conservadora que se desenha para as eleições municipais deste ano não é surpresa para quem acompanha o cenário político nacional com atenção. Desde o início das campanhas, observamos que partidos de direita e centro-direita têm conquistado um apoio crescente, sobretudo em grandes centros urbanos, onde o discurso de estabilidade econômica e segurança pública parece ressoar com maior força entre os eleitores.
Segundo levantamento recente do site Brasil de Fato, esse movimento conservador se reflete claramente na liderança dos partidos do centrão e da extrema direita em 79 dos 103 municípios com potencial de segundo turno nas eleições de 2024. Essa dominância política nas grandes cidades revela um Brasil em busca de continuidade em certas administrações e que parece ter abraçado, em grande parte, uma retórica de maior controle e menos intervenção estatal nas questões econômicas.
No próximo domingo, 6 de outubro, milhões de brasileiros irão às urnas para eleger prefeitos e vereadores nos 5.565 municípios do país. Esse processo democrático, repetido a cada quatro anos, se revela como um importante termômetro das forças políticas que dominam o cenário nacional e moldam os rumos do Brasil para os próximos anos. O que chama a atenção nessas eleições, além do grande número de municípios aptos para um segundo turno, é a nítida predominância de partidos como o PL, PSD, União Brasil e Republicanos, todos alinhados a uma agenda conservadora e liberal.
O levantamento do Brasil de Fato indica que o PL lidera em 17 cidades, seguido pelo PSD com 16, União Brasil (UB) com 14, MDB com 10 e Republicanos com 9. A ascensão dessas siglas, especialmente nas grandes cidades, reforça a consolidação de um discurso conservador, que aposta em uma gestão voltada para o controle de gastos públicos e a priorização da segurança como estratégia eleitoral. Esse cenário demonstra que o eleitorado urbano busca uma governança que privilegie a manutenção da ordem, o crescimento econômico e a segurança pública, temas centrais no discurso dos partidos de direita.
O PT, por sua vez, que em pleitos anteriores tinha uma presença mais significativa, lidera atualmente em apenas seis cidades com potencial de segundo turno: Goiânia (GO), Contagem (MG), Juiz de Fora (MG), Diadema (SP), Anápolis (GO) e Camaçari (BA). A redução da força petista no âmbito municipal revela os desafios que a esquerda brasileira enfrenta para reconquistar terreno em um cenário dominado pela direita e pelo centro. Essa retração evidencia a dificuldade de mobilizar o eleitorado com pautas progressistas, em meio a um país polarizado e cada vez mais alinhado a propostas conservadoras.
Outro dado importante é que, em 30 dos 103 municípios, a eleição pode ser decidida ainda no primeiro turno. Desses, 19 candidatos são prefeitos que buscam a reeleição, o que aponta para um desejo de continuidade por parte do eleitorado em diversas cidades. A confiança depositada nos atuais gestores, aliada à falta de uma oposição forte em algumas localidades, favorece a permanência dos prefeitos em seus cargos, reforçando ainda mais o domínio de partidos de direita e centro-direita.
Esse panorama eleitoral, especialmente nas grandes cidades, revela que o eleitorado urbano tem se afastado das pautas progressistas e abraçado um conservadorismo pragmático, que privilegia a estabilidade e a ordem. A ascensão de partidos como o PL, PSD, UB e Republicanos em grandes centros urbanos como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte é um sinal claro de que as propostas de segurança pública e austeridade fiscal têm conquistado a confiança dos eleitores.
Ainda que o PT e outras forças progressistas mantenham presença em algumas cidades, o cenário geral aponta para um enfraquecimento dessas correntes nas eleições municipais de 2024. A esquerda, que durante muitos anos foi protagonista na política nacional, precisará repensar suas estratégias e discursos para voltar a dialogar com o eleitorado urbano, que parece mais inclinado a seguir uma direção conservadora.
Em suma, as eleições de 2024 evidenciam uma polarização política em que as forças conservadoras têm saído vitoriosas nas grandes cidades, enquanto as correntes progressistas lutam para manter sua relevância. O Brasil que veremos nas urnas no próximo domingo será um reflexo das transformações políticas que o país vem atravessando nos últimos anos, com uma direita mais organizada e um campo progressista em busca de novas estratégias para retomar o protagonismo no cenário político nacional.