As eleições de 2026 estão se aproximando, e as movimentações nos bastidores da política baiana já começam a ganhar forma. Segundo o colunista Igor Gadelha, do Metrópoles, o Partido dos Trabalhadores (PT) já trabalha na montagem de sua chapa para a disputa ao governo e ao Senado. Um dos movimentos mais aguardados envolve a saída do senador Ângelo Coronel (PSD) da chapa governista para abrir espaço ao ex-governador e atual ministro Rui Costa, que almeja uma vaga na Casa Alta, ao lado de Jaques Wagner (PT), que disputará a reeleição.
A questão central é: Ângelo Coronel está disposto a aceitar o papel de coadjuvante nesta eleição? A resposta não é tão simples. Com uma trajetória consolidada e diversos mandatos acumulados, é difícil imaginar que o senador aceitaria a vice de Jerônimo Rodrigues sem resistência. Ao que tudo indica, Coronel vai jogar para se valorizar, uma estratégia que já se desenha no horizonte. Mas, como diz aquele famoso bordão publicitário: será que ele vale o quanto pesa?
O PT vai precisar fazer essa avaliação com precisão cirúrgica. O PSD, partido de Ângelo Coronel, saiu das eleições municipais de 2020 como um dos grandes vitoriosos na Bahia, conquistando 115 prefeituras. A questão que fica é: quantas dessas prefeituras estão realmente sob o domínio de Coronel? Este é um ponto fundamental para o cálculo político. O peso real de Coronel no xadrez eleitoral de 2026 dependerá de sua capacidade de mobilização e influência dentro desse universo municipalista.
Além disso, outra peça importante neste tabuleiro é o senador Otto Alencar, líder do PSD na Bahia e figura chave na aliança com o PT. Como Otto vai se comportar diante dessa reconfiguração? O alinhamento entre o PT e o PSD tem sido fundamental para garantir a hegemonia política na Bahia nos últimos anos. No entanto, o jogo político é fluido, e Otto, por sua vez, também estará de olho nas melhores oportunidades para seu partido.
O fato é que o PT, apesar de sua força histórica na Bahia, sabe que precisa construir alianças sólidas para manter sua predominância nas eleições de 2026. A acomodação de Rui Costa na chapa ao Senado, ao lado de Jaques Wagner, fortalece o partido em nível federal e local, mas pode criar tensões com aliados, como é o caso de Ângelo Coronel. O senador não é um novato e conhece bem as engrenagens do poder. Sua eventual saída da chapa governista abre espaço para uma rearrumação, mas também pode deixar feridas no campo da aliança.
No final das contas, o que o eleitor baiano precisa observar é se essas movimentações representam uma renovação política ou apenas mais um rearranjo estratégico para manter o controle do poder. A saída de Ângelo Coronel não é apenas um movimento de bastidores; é um reflexo das articulações profundas que já começam a moldar o cenário para 2026.
O jogo está apenas começando, e como sempre, a política é uma arte de negociações e compromissos. Resta saber se, na disputa pelo poder, Coronel será peça fundamental ou apenas um coadjuvante temporário.