Escrever um artigo é um exercício que transcende a simples organização de palavras em frases e parágrafos. É, antes de tudo, um processo artesanal, no qual cada termo é esculpido com a precisão de um escultor, cada conceito cuidadosamente lapidado, e cada pensamento, por mais complexo que seja, deve ser acessível ao leitor. No entanto, o que muitos não percebem é o trabalho árduo que envolve essa construção: as horas de pesquisa, as leituras intermináveis, as noites de sono sacrificadas e os momentos roubados da convivência familiar. Este esforço, por vezes invisível e não reconhecido, nos engrandece como indivíduos, mesmo que o reconhecimento externo nunca chegue.
A experiência de escrever me ensinou a valorizar meu próprio esforço, sem criar a expectativa de que os outros o farão. Esse reconhecimento, tão desejado por muitos, parte de mim mesmo, na compreensão de que o ato de escrever é em si um ato de autovalorização. Ao dedicar-me ao ofício de articular ideias, percebo que a verdadeira recompensa está na própria jornada intelectual. A satisfação pessoal ao concluir um texto bem elaborado é, muitas vezes, o único reconhecimento necessário.
Embora os meus textos frequentemente tratem de questões filosóficas de natureza conjuntural, vejo-me como um verdadeiro artesão das palavras. A sensação de ser um operário da linguagem filosófica me motiva a buscar incessantemente a metáfora exata, a forma mais adequada e a simetria perfeita para transmitir as ideias. Não se trata apenas de escrever por escrever, mas de criar uma obra que toque, que faça o leitor refletir e questionar.
A paixão que sinto pela filosofia e pela política é o que mantém essa chama acesa. Só um verdadeiro apaixonado pode experimentar as emoções de buscar a compreensão entre o real e o absurdo, entre Platão e Camus, entre a ficção e a filosofia. Para mim, essas fronteiras se dissolvem, e todas essas formas de expressão tornam-se parte de um mesmo projeto: tornar o pensamento acessível a todos.
Escrever, afinal, não é apenas compartilhar ideias; é ensinar a pensar. E ensinar a pensar é, talvez, a mais nobre das artes.