Política e Resenha

A Prudência do Juiz e a Escolha Acertada de Chico Estrella na CPI da Saúde

 

 

 

Apesar de minhas convicções firmes contra a interferência de um poder sobre o outro, não posso deixar de reconhecer o acerto do Juízo da 1ª Vara da Fazenda Pública de Vitória da Conquista. O magistrado, ao decidir pela instauração da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde em um momento político delicado, demonstrou prudência e bom senso, especialmente ao evitar que essa investigação se transformasse em um palanque eleitoral. A justiça, ao tomar essa decisão, soube delinear claramente os limites entre um inquérito sério e o que poderia se tornar um espetáculo eleitoreiro.

A CPI da Saúde, que agora se volta para apurar possíveis irregularidades na Secretaria Municipal de Saúde durante a pandemia de COVID-19, surge em um momento de extrema relevância. A saúde pública, um dos pilares fundamentais do bem-estar social, precisa ser tratada com o rigor e a seriedade que lhe são devidos. E o fato de a justiça ter determinado a instauração dessa comissão é um sinal claro de que, em certos momentos, a intervenção judicial é necessária para destravar os mecanismos legislativos que, por questões políticas internas, acabam sendo obstruídos.

O que me traz tranquilidade em meio a esse cenário é a escolha de Chico Estrella para presidir a comissão. Trata-se de um parlamentar cuja competência e integridade são amplamente reconhecidas. Chico Estrella, ao longo de seu mandato, demonstrou habilidade em lidar com questões complexas, sendo um dos quadros mais capacitados do atual parlamento. Mesmo não tendo sido reeleito, seu caráter permanece intocável, e ele está à altura da responsabilidade de conduzir uma investigação dessa magnitude.

É claro que, em um contexto político tão polarizado, não faltam vozes críticas à sua nomeação. Muitos alegam que sua proximidade com a base do governo poderia comprometer a imparcialidade da investigação. No entanto, é imperativo lembrar que, em situações como esta, o que se espera é a busca pela verdade e pela justiça, e não o uso da CPI como ferramenta para manipulação política. A trajetória de Chico Estrella, marcada por sua postura firme e sua capacidade de diálogo, deixa claro que ele tem plenas condições de conduzir os trabalhos com a isenção necessária, independentemente das pressões externas.

A instauração da CPI, não deve ser desculpa para se tornar um espaço para politicagem ou jogos de poder quando o que está em jogo é o bem-estar da população. Os atrasos que ocorreram na criação da comissão não devem ser interpretados como estratégia de protelação, mas como uma oportunidade de realizar os trabalhos de forma mais serena, sem as pressões inerentes ao período eleitoral.

A saúde pública não pode, em hipótese alguma, ser tratada como moeda de troca ou palco para disputas eleitorais. O foco deve estar na elucidação dos fatos. O que a sociedade espera da CPI da Saúde é transparência, seriedade e um compromisso inabalável com a verdade.

Chico Estrella, com sua experiência e capacidade de articulação, tem todas as condições para conduzir essa investigação com o rigor que o caso exige. Agora, resta aguardar os desdobramentos dessa comissão, na certeza de que a verdade e a justiça devem prevalecer acima de qualquer interesse político ou agenda partidária. O futuro da saúde pública em Vitória da Conquista depende disso.

Padre Carlos