Política e Resenha

ARTIGO – Vitória da Conquista: a esquerda paga o preço por não formar novos quadros. (Padre Carlos)

 

 

Gráfico de Barras – Compara o total de votos a cada eleição, facilitando a visualização das diferenças ano a ano.

 

A responsabilidade de um articulista vai além da mera análise dos fatos. Envolve o compromisso de lançar luz sobre temas que os grupos políticos preferem obscurecer, revelando números e estratégias que, se por um lado são desconfortáveis para a esquerda, por outro também questionam a força real da direita. Em Vitória da Conquista, uma das bases tradicionais do Partido dos Trabalhadores (PT) na Bahia, o cenário eleitoral das últimas eleições indica uma perda significativa de relevância do partido, com números que pintam um quadro estagnado para a esquerda local. É hora de encarar o recado das urnas.

Nos últimos três pleitos, os resultados mostram que o PT encontra dificuldades para se adaptar ao crescimento demográfico e ao cenário dinâmico da política local. Tomemos como exemplo a disputa de 2022: o candidato Jerônimo Rodrigues, representante petista ao governo do estado, obteve apenas 53 votos a mais do que José Raimundo em 2020, praticamente mantendo-se na mesma faixa de apoio. No entanto, entre as eleições de 2020 e 2022, houve um aumento expressivo de 22.354 novos eleitores na cidade, o que expôs a incapacidade do partido de atrair esse contingente adicional. A direita, por outro lado, ampliou sua base, preenchendo com competência o vácuo deixado pelo estancamento petista.

Essa estagnação se torna ainda mais nítida quando analisamos a vitória da atual prefeita Sheila Lemos nas últimas eleições, com 59% dos votos válidos, uma expressiva vantagem sobre o candidato petista Waldenor Pereira, que obteve 26,7% dos votos. Dos mais de 210 mil eleitores que compareceram às urnas em Vitória da Conquista, o PT manteve uma fatia considerável, mas perdeu espaço em uma cidade que viu seu número de eleitores crescer de 231 mil para 257 mil, de acordo com dados das eleições de 2024. A incapacidade de traduzir esse crescimento em novos votos indica que, sem uma estratégia de engajamento e renovação, a esquerda corre o risco de ser definitivamente marginalizada na cidade.

O Que os Números Revelam

Analisando mais a fundo, é notório que a estratégia do PT falhou em expandir sua representatividade. Vitória da Conquista, sendo o terceiro maior colégio eleitoral da Bahia, possui agora o potencial de realizar um segundo turno nas eleições municipais, mas essa expansão populacional trouxe mais desafios do que votos para o partido. Enquanto a direita fortalece seu poder, a esquerda se manteve limitada aos mesmos redutos tradicionais, sem apelar ao novo eleitorado que apareceu na cidade. A sensação de um partido que parou no tempo ficou evidente nas urnas, principalmente quando observamos o crescimento vertiginoso de candidaturas e movimentos de centro e de direita.

 

Aqui está o gráfico, que mostra a tendência de queda nos votos do PT em Vitória do Conquista, de 2016 – 2024. Esse destaca declínio uma perda consistente de apoio, necessidade a de análise estratégica para reconquistar eleitores e osm contribuíram para mudança ao anos dos anos longo.

 

O Futuro do PT em Vitória da Conquista: Riscos e Oportunidades

O PT dominou a prefeitura de Vitória da Conquista por diversas gestões e teve uma posição de força considerável na cidade. No entanto, sua incapacidade de criar uma base renovada e de consolidar novas lideranças abriu espaço para adversários políticos. Se a esquerda local continuar a perder representatividade e a repetir velhos erros, corre o risco de se tornar uma força minoritária e irrelevante. A única alternativa para evitar esse destino é uma revisão profunda de suas práticas, uma autocrítica sincera e a construção de novos quadros políticos que representem o dinamismo e os valores atuais da sociedade conquistense. Sem isso, o PT não apenas deixará de disputar a prefeitura com chances reais, mas também abrirá as portas para uma dominação crescente de seus oponentes na cidade.

A Urgência de Renovação

Os dados das urnas mostram que Vitória da Conquista enviou um claro sinal de alerta ao PT. O partido, que por muito tempo esteve no comando do município e das preferências populares, agora precisa reinventar-se se quiser manter alguma relevância no futuro. Sem um projeto claro de renovação, o espaço vazio continuará sendo preenchido por outras forças políticas que estão mais atentas e preparadas para aproveitar a oportunidade.