Segundo a coluna Pombo Correio, do Correio da Bahia, as cenas que se desenrolam em Lauro de Freitas, onde a prefeita Moema Gramacho (PT) realiza uma onda de demissões, escancaram uma prática comum, mas cada vez mais insustentável, de se utilizar cargos públicos como estratégia eleitoral. O repórter do jornal afirma que ao longo da campanha, pareceu claro que o empreguismo seria uma das armas para manter o grupo no poder, com promessas e contratações às vésperas do pleito em uma tentativa de garantir votos e consolidar apoio. No entanto, com a derrota para Débora Regis (União Brasil), a política de Moema adquire agora um novo contorno: a da vingança via exoneração.
Contratação e Demissão: o Ciclo Vicioso do Emprego Público como Recurso Eleitoral
O uso do funcionalismo público como extensão da campanha eleitoral traz consequências danosas que afetam tanto a administração quanto os cidadãos que dependem desses serviços. Em Lauro de Freitas, a escalada de demissões que já chega à casa dos milhares abrange funcionários em diversas secretarias e até os terceirizados de cooperativas, desmontando equipes e causando um impacto que pode atingir de forma ampla setores essenciais, como saúde e educação.
A prática do “empreguismo” é como um tapa na cara da população que paga seus impostos para sustentar um governo eficaz e compromissado. Esse ciclo de contratações e demissões, atrelado ao calendário eleitoral, demonstra uma instabilidade profissional que é injusta com os trabalhadores e completamente incompatível com a seriedade que a administração pública exige.
A Contabilidade do Prejuízo: O Alto Custo para a População
O jogo de interesses exposto com essas demissões não afeta apenas os funcionários diretamente desligados, mas gera um impacto de longo prazo para toda a cidade. A alta rotatividade que essas demissões em massa causam nas secretarias municipais representa, na prática, uma interrupção nos serviços essenciais. Em um contexto de saúde pública, educação e segurança, onde continuidade é crucial para a eficácia, essa política de exonerações abruptas coloca a cidade em risco.
Além disso, a dependência de cargos públicos como moeda de troca eleitoral faz com que os cidadãos percam a confiança em seus gestores. O eleitor vê-se diante de um cenário onde promessas são feitas para obter votos, mas nada garante que essas promessas sejam mantidas após as urnas serem fechadas. E enquanto a cúpula política é trocada ou mantida a cada ciclo, as consequências ficam para quem fica: a população.
Politicagem vs. Gestão: Onde Mora o Compromisso?
A prática de usar a máquina pública como estratégia eleitoral não é, infelizmente, novidade. Governos populistas frequentemente recorrem a políticas de contratações em massa para assegurar a lealdade de grupos específicos e tentar consolidar a permanência no poder. Contudo, ao tratar o funcionalismo público como ferramenta de campanha, eles ignoram o verdadeiro objetivo do cargo público: servir à população com estabilidade, competência e comprometimento.
No caso de Moema Gramacho, a postura pós-eleitoral sugere um tipo de retaliação, quase um ajuste de contas contra aqueles que, apesar de empregados e talvez esperançosos de manter seus postos, não foram o suficiente para garantir a vitória nas urnas. Esse “revide” à derrota é não apenas irresponsável, mas antiético, revelando uma face amarga da política de “quem não está comigo, está contra mim.”
Quebrando o Ciclo: A Urgência de uma Política de Emprego Pública Justa e Responsável
O exemplo de Lauro de Freitas deve servir como alerta para outras administrações. A prática de contratações e demissões como moeda de troca eleitoral mina a confiança do povo e enfraquece a estrutura pública. Para que cidades como Lauro de Freitas superem essa dinâmica tóxica, é fundamental que os gestores públicos se comprometam com políticas de contratação pautadas na competência, na necessidade real de cada setor e na continuidade do serviço público.
Se a administração pública se submete a interesses políticos imediatistas, a população acaba ficando refém de gestões passageiras, que mais focam em seus interesses de poder do que no bem-estar coletivo. Para que o voto seja, de fato, um ato de confiança e não de submissão, os cargos públicos precisam ser despolitizados e os funcionários, respeitados como profissionais.
Diante disso, que a história de Lauro de Freitas sirva para reafirmar o compromisso com uma política pública ética e eficaz, que priorize o cidadão e a continuidade dos serviços. Afinal, é isso o que se espera de um governo que diz servir ao povo.