Na política de Vitória da Conquista, vemos uma disputa que se assemelha cada vez mais a um clássico de futebol: um “Fla-Flu” entre grupos que se dividem em alianças e rivalidades, enquanto paixões e interesses particulares fervilham por trás das cortinas. Mas, ao invés de se concentrar em avanços concretos para a cidade, o foco parece ter se deslocado para algo mais simbólico: a permanência em cima do palanque e a contínua busca por visibilidade, enquanto alguns esperam por um milagre que os mantenha no centro das atenções. Assim, a questão não é se a prefeita Sheila Lemos será ou não empossada, mas o que essa busca incessante por prestígio está custando à cidade.
Pior ainda, há candidatos que jamais desceram do palanque. Mesmo sem a disputa eleitoral no horizonte imediato, continuam a combater seus próprios “moinhos de vento”, mantendo discursos vazios e repetitivos que parecem mais destinados a perpetuar uma luta fictícia do que a promover qualquer mudança substancial. Esse combate às ilusões, por vezes, se torna uma cortina de fumaça que encobre o que realmente importa: uma agenda de desenvolvimento real para Vitória da Conquista.
Ao transformar o debate público em um palco de aparências, corremos o risco de distanciar a política de seu verdadeiro propósito. Essa tensão constante, provocada pelo desejo de visibilidade e pela manutenção de rivalidades inúteis, inevitavelmente trará consequências para o futuro da cidade. O campo político, em vez de ser uma arena de debates e soluções, vira uma fonte de instabilidade e de narrativas superficiais, que pouco fazem para melhorar a vida dos cidadãos.
A luta pela hegemonia política sempre foi uma característica do cenário brasileiro, e Vitória da Conquista não é exceção. As alianças políticas entre grupos de direita e esquerda, assim como as rupturas, têm sido motivadas por conveniências temporárias. Não há nada de errado nisso em um sistema democrático, onde a construção de maiorias e consensos é necessária. Contudo, o que vemos aqui é uma questão de sobrevivência política, onde certos candidatos preferem as polêmicas vazias e o palanque constante, em vez de uma agenda focada em resultados concretos.
Esse fenômeno vai além das alianças políticas e das disputas por poder. Trata-se de um blefe, uma tentativa de moldar a percepção pública por meio de discursos inflamados que frequentemente desviam o foco dos problemas reais. E o preço dessa atitude é caro: ao transformar a política em um “jogo de cena” sem substância, nossos líderes acabam sacrificando o progresso e o bem-estar da cidade em nome de suas ambições pessoais.
Vitória da Conquista não precisa de palanques intermináveis e de lutas contra inimigos imaginários. A cidade precisa de políticas públicas que fortaleçam a saúde, a segurança, a educação e o desenvolvimento econômico. A administração pública não é um teatro, e os cidadãos não devem ser meros espectadores de uma disputa sem fim entre egos e interesses particulares.
É necessário, portanto, que todos deixem de lado essas paixões vazias e que tanto políticos quanto eleitores coloquem os interesses da cidade acima de rivalidades ilusórias. Somente assim Vitória da Conquista poderá avançar rumo a um futuro próspero e justo para todos.