Política e Resenha

Os Limites Entre Profissão e Escândalo: Frida Carla e a Liberdade de Escolha

A história de Frida Carla, advogada e garota de programa baiana, nos provoca a refletir sobre os limites do que chamamos de “liberdade profissional” e a moralidade que parece se diluir em nosso tempo. Ela não é apenas uma profissional do Direito, mas alguém que ousou traçar um caminho incomum, sendo aclamada como a “advogada mais ousada do Brasil”. Como advogada e acompanhante de luxo, Frida se tornou uma figura polarizadora, expondo o que muitos preferem manter nas sombras e desafiando o establishment ao qual pertence.

Frida escolheu transformar seu corpo em produto, comercializando-o para clientes de status elevado, especialmente do próprio meio jurídico. Ela é uma mulher de múltiplas facetas, que optou por seguir o que considera seu propósito — e pelo qual cobra um preço. Em uma sociedade que discute a liberdade individual e o direito de cada um sobre o próprio corpo, sua posição tem defensores fervorosos. A questão, no entanto, vai além do direito de escolha: chega ao campo da ética e da moralidade, especialmente para alguém que transita entre a advocacia e a prostituição.

A imagem de Frida em frente ao Fórum Ruy Barbosa, em Salvador, é quase uma metáfora. Ela se apresenta diante da Justiça com uma dualidade clara: uma advogada que conhece os meandros do Direito e, ao mesmo tempo, uma profissional que explora a sedução como forma de rendimento. Essa escolha não só desafia os códigos éticos de sua profissão, como também nos desafia a reconsiderar as barreiras e limites que ainda sustentam o mundo jurídico. Qual o impacto disso na forma como enxergamos a moralidade e o decoro? E como essa imagem reverbera naqueles que também ocupam cargos e funções de relevância?

Frida Carla nos revela, ainda, a hipocrisia da sociedade. Em uma sociedade marcada pela discrição e pela necessidade de aparências, o fato de que seus principais clientes são, segundo ela, juízes e outros profissionais do Direito nos mostra que a sexualidade não se limita a camadas menos respeitadas. O que choca, então, não é apenas a atividade em si, mas a exposição pública dessa escolha. Frida não oculta suas ações, e sua transparência é o que provoca tanto alvoroço.

Diante disso, cabe nos perguntar: até onde o indivíduo pode ir em nome da sua liberdade? Quando o exercício da profissão entra em conflito com os valores sociais e morais, onde devemos traçar a linha? A resposta talvez resida na própria sociedade que, entre segredos e tabus, precisa decidir o que está disposto a aceitar – e a quem decide julgar ou absolver.

No fim, Frida Carla representa a liberdade de escolha e os desafios que ela impõe, tanto para ela quanto para a sociedade em que vive. Suas decisões são legítimas? Ou ultrapassam os limites éticos e legais que regulam nossas vidas? O debate está lançado.