(Padre Carlos)
O recente pacote de medidas proposto pelo governo, que mexe diretamente com o reajuste do salário mínimo e a duração do seguro-desemprego, é um golpe direto contra os trabalhadores brasileiros, especialmente os mais vulneráveis. A decisão de limitar o reajuste do salário mínimo a 2,5% acima da inflação, sem considerar a variação do PIB dos dois anos anteriores, é uma clara perda para aqueles que dependem deste valor para sustentar suas famílias. Deixar de indexar o salário mínimo ao crescimento econômico é um retrocesso, um ataque aos direitos conquistados com anos de luta e mobilização social.
Mas as medidas não param por aí. A proposta de reduzir o período de recebimento do seguro-desemprego é outro ataque direto ao trabalhador em situação de vulnerabilidade. Em um país onde o desemprego e a informalidade ainda são uma realidade para milhões, encurtar o tempo de apoio financeiro em um momento tão delicado é não só insensível, mas irresponsável. Esse benefício é um amparo fundamental para os trabalhadores que perdem o emprego, ajudando-os a atravessar momentos difíceis enquanto buscam uma recolocação no mercado. Reduzir essa assistência é jogar milhares de famílias em uma situação de ainda maior insegurança financeira.
A revolta é inevitável. Para completar, há ainda a discussão sobre o fim da multa de 40% do FGTS nas demissões sem justa causa. Isso soa como um prêmio para os empregadores que enxergam no trabalhador uma peça descartável. A multa de 40% sobre o FGTS é uma medida de proteção que desestimula as demissões arbitrárias e oferece ao trabalhador uma compensação mínima por anos de dedicação. Retirar esse direito é abrir caminho para uma precarização ainda maior das relações de trabalho.
Essas mudanças propostas são um reflexo de uma política que parece estar cada vez mais inclinada a penalizar os trabalhadores enquanto preserva os interesses das grandes empresas e do mercado financeiro. É um governo que prioriza ajustes nas costas de quem menos pode suportá-los, abandonando o princípio básico de justiça social. O povo brasileiro, que já carrega o fardo da inflação e do desemprego, não pode aceitar calado essa tentativa de minar ainda mais sua dignidade.
A luta por um salário mínimo digno, por um seguro-desemprego que garanta segurança mínima e pelo respeito aos direitos trabalhistas não é apenas uma questão econômica; é uma questão de respeito à dignidade humana. Em tempos de adversidade, é o trabalhador que mais sofre, e é ele que, mais uma vez, vê seus direitos serem desmantelados em prol de um ajuste fiscal que não parece ter fim.
Que esta indignação se transforme em mobilização e que a sociedade civil se una para impedir que tais retrocessos se consolidem.