Caro leitor,
Vivemos em tempos tumultuados, onde as notícias, muitas vezes, parecem desafiar a lógica e a justiça. O Brasil, berço de riquezas e contradições, agora se depara com o que posso chamar, sem hesitação, de uma das maiores fraudes de sua história: o escândalo das Americanas.
Cinquenta bilhões de reais, uma quantia que ultrapassa a compreensão comum, desapareceram dos cofres da empresa liderada pelos três magnatas mais ricos do país: Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles. Esses nomes, que deveriam representar a elite empresarial, agora protagonizam uma trama que desafia a moralidade e a ética.
O mais espantoso, contudo, não é apenas o montante astronômico desviado, mas a assombrosa inércia dos meios de comunicação corporativos diante desse escândalo. Enquanto o cidadão comum é vigiado e penalizado por pequenos delitos, como posse de cinco gramas de maconha, os verdadeiros arquitetos dessa fraude colossus são tratados com uma complacência que beira a impunidade.
Enquanto escrevo estas palavras, os responsáveis pelo desfalque bilionário desfrutam do sol em quadras de tênis em Miami, regando com champanhe suas preocupações, ou a falta delas, com a justiça brasileira. Em um gesto hipócrita, ousam apontar o dedo para a impunidade no Brasil, como se não estivessem mergulhados até o pescoço nesse lamaçal de corrupção.
Alegam que o Brasil nunca será como os Estados Unidos, pois somos o país do coitadinho, do direito sem obrigação e, principalmente, da impunidade. Essa afirmação, vinda de indivíduos que detêm tanto poder financeiro, revela uma visão distorcida da realidade brasileira.
Surpreendentemente, o Banco do Brasil é quem mais amargou as consequências desse escândalo. Enquanto os três magnatas celebram em terras estrangeiras, é o cidadão comum, muitas vezes cliente desse banco estatal, que paga a conta. O Banco do Brasil teve que aumentar sua cobertura contra o calote das Americanas de 70% para 100%, demonstrando que, no final das contas, é o dinheiro do povo que está em jogo.
É assombroso como o silêncio reina sobre esse assunto. Ninguém mais fala sobre a magnitude desse golpe. Não se ouve a indignação que deveria ecoar em todos os cantos do país. A imprensa, que deveria ser a voz do povo, permanece muda, talvez submissa aos interesses desses poderosos empresários.
Diante desse quadro, cabe a nós, cidadãos conscientes, questionar, exigir transparência e clamar por justiça. Não podemos permitir que o escândalo das Americanas seja varrido para baixo do tapete da impunidade. Nossas vozes devem se unir em um coro exigente, ecoando a verdade que muitos tentam abafar.
O Brasil merece mais do que ser palco de fraudes bilionárias e de um silêncio ensurdecedor. Precisamos, agora mais do que nunca, buscar a verdade e lutar por um país onde a justiça prevaleça, independentemente do poder econômico de seus protagonistas.
(Padre Carlos)