(Padre Carlos)
O anúncio de mais um aumento no preço do gás de cozinha, válido a partir deste domingo, 1º de dezembro, agrava ainda mais a crise que atinge diretamente os lares baianos, especialmente os mais vulneráveis. Sob a administração da Acelen, a Refinaria de Mataripe tem protagonizado sucessivas elevações de preços, levando o botijão de 13 kg a atingir até R$ 155 em Salvador e na Região Metropolitana, segundo o SinRevGas.
Essa é a segunda alta em pouco mais de um mês, após o reajuste implementado em 1º de novembro. Para muitas famílias, o gás de cozinha deixou de ser apenas um item essencial para se tornar uma despesa quase inalcançável. O cenário é ainda mais preocupante em um estado como a Bahia, onde a desigualdade social e o desemprego são desafios estruturais.
A política de preços adotada pela Acelen, atrelada à variação do mercado internacional, penaliza de forma desproporcional os consumidores finais. É evidente que o modelo atual carece de uma intervenção governamental que assegure a previsibilidade e a acessibilidade do gás de cozinha, um item básico para a sobrevivência digna.
As alternativas a essa situação são, infelizmente, sombrias. Famílias de baixa renda recorrem a métodos perigosos, como o uso de lenha ou álcool, expondo-se a riscos de acidentes graves. Outras, simplesmente, têm que fazer escolhas difíceis entre comprar o gás ou outros itens essenciais como alimentos e medicamentos.
Essa nova alta deve ser o estopim para uma mobilização por medidas que protejam os mais vulneráveis. Reduzir impostos sobre o gás ou criar subsídios específicos são soluções que precisam ser seriamente consideradas. Além disso, o diálogo entre empresas, sindicatos e governo é urgente para encontrar um equilíbrio que não sacrifique a população em nome de políticas de lucro irrestrito.
O que está em jogo aqui é mais do que o preço de um botijão. É a garantia de que as famílias possam cozinhar seu alimento sem ter que comprometer sua dignidade e segurança. O aumento no gás de cozinha não é apenas um dado econômico; é um reflexo das prioridades que definimos enquanto sociedade. Que esse novo reajuste seja o início de uma reflexão coletiva sobre o país que queremos construir.