No centro de um escândalo que abalou Vitória da Conquista e trouxe à tona questões graves sobre práticas estéticas ilegais, a Polícia Civil da Bahia, através da 1ª Delegacia Territorial (DT), concluiu nesta quinta-feira (5/12/2024) a investigação de um caso alarmante. Uma biomédica de 39 anos, com atuação na Bahia e no Espírito Santo, foi indiciada por exercício ilegal da medicina, lesão corporal grave em duas ocasiões e falsa identidade, após realizar uma “lipo de papada” em um consultório particular na Avenida Otávio Santos, bairro Recreio.
Procedimento Irregular e Riscos à Vida
O procedimento, realizado em 10 de outubro de 2024, causou sérias complicações à vítima. Conforme apontado por laudos do Departamento de Polícia Técnica (DPT) e relatórios médicos, a paciente sofreu um corte profundo na região submentoniana (papada), resultando em intenso sangramento. A gravidade do caso foi tamanha que a vítima ficou incapacitada para suas atividades por mais de 30 dias, correndo risco de vida.
O incidente foi amplamente documentado. A vítima, ao perceber a gravidade da situação, acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192). Nas gravações obtidas pela polícia, a biomédica, tentando ocultar sua identidade profissional e prática ilegal, alegou ser dentista para os atendentes do SAMU e para a equipe médica do hospital.
Áudio Revelador
Nas ligações divulgadas, a biomédica descreveu a situação de maneira que gerou perplexidade:
“Eu tô finalizando um procedimento corriqueiro e algum vasinho na lateral do pescoço está sangrando um pouquinho mais que o normal. O normal é cauterizar, mas não tô conseguindo estancar. Prefiro levá-la para a UNIMED para limpar e administrar medicação.”
O uso de termos técnicos e a tentativa de se passar por uma profissional de outra área evidenciam a intenção de ludibriar os atendentes e minimizar a gravidade de sua conduta.
Consequências Legais
Com base nas evidências, a biomédica foi indiciada em liberdade e pode enfrentar uma pena que chega a 13 anos de prisão pelos crimes apurados. O caso acende um alerta sobre o crescente número de procedimentos estéticos realizados por profissionais sem habilitação adequada, colocando vidas em risco.
Repercussão
A notícia gerou grande repercussão nas redes sociais e entre associações médicas e biomédicas. Especialistas destacam que a “lipo de papada” é um procedimento invasivo que só pode ser realizado por médicos treinados, reforçando a necessidade de maior fiscalização nos serviços de estética.
Enquanto isso, a vítima ainda se recupera dos traumas físicos e psicológicos causados pela experiência. Este caso expõe os perigos de práticas estéticas ilegais e reforça a importância de verificar credenciais e licenças antes de se submeter a qualquer intervenção cirúrgica.
Com a conclusão do inquérito, o Ministério Público decidirá os próximos passos. A sociedade, no entanto, já exige respostas e maior rigor no combate a profissionais que desrespeitam os limites éticos e legais da atuação na saúde.