Por décadas, a educação pública baiana foi relegada a um segundo plano, um triste reflexo de um histórico de descaso e negligência. A riqueza cultural do estado contrastava com a pobreza educacional, criando um ciclo vicioso de desigualdade social que feria a consciência de qualquer cidadão. No entanto, os recentes dados apresentados pelo governo estadual, embora tímidos diante da dívida histórica, trazem um sopro de esperança.
A redução de 50% na evasão escolar é, sem dúvida, uma conquista significativa. Cada jovem que permanece na escola representa uma vitória contra o ciclo perverso da desigualdade social. O crescimento consistente no IDEB pelo terceiro ano consecutivo demonstra que investir em educação, com planejamento estratégico e gestão séria, é sim, construir uma educação pública de qualidade.
No entanto, não podemos nos deixar levar pela complacência dos números. O que significa “consolidar a aprendizagem” em um estado onde ainda existem escolas sem condições mínimas de higiene e estrutura? Onde professores lutam por condições dignas de trabalho? Onde muitos estudantes precisam conciliar estudo e trabalho para ajudar suas famílias?
O compromisso de não deixar nenhum estudante fora da sala de aula é louvável, mas precisamos ir além. Cada sala de aula precisa ser um verdadeiro espaço de transformação social. Que cada escola tenha laboratórios equipados, bibliotecas completas e professores valorizados. Que cada estudante tenha acesso a uma educação que vai além do básico, que estimule o pensamento crítico e o exercício pleno da cidadania.
Os avanços na educação baiana são como um oásis no deserto da nossa dívida histórica com a educação pública. São, sim, importantes e merecem reconhecimento. Mas não devem ser vistos como ponto de chegada, e sim como um ponto de partida para os próximos passos.
Uma sociedade baiana justa e próspera precisa ser vigilante e participativa. É preciso cobrar a continuidade e ampliação dos avanços, exigir transparência e investimentos, e participar ativamente da discussão sobre o futuro da educação. Só assim transformaremos os indicadores positivos em uma verdadeira revolução educacional na Bahia.
O momento é de celebrar os avanços, sim, mas sem perder de vista o longo caminho que ainda temos pela frente. A educação é um direito fundamental e um dever do Estado – não nos contentemos com menos do que excelência na sua oferta e execução. O futuro da Bahia passa, necessariamente, por uma educação pública de qualidade para todos, sem exceção.