Política e Resenha

A Fome do Brasil tem Nome: Congresso Aprova Corte que Sufoca os Mais Pobres

 

 

É com profunda inquietação que observamos mais um golpe contra aqueles que já carregam o peso mais pesado da desigualdade em nosso país. A recente aprovação na Câmara dos Deputados do projeto que limita o crescimento do salário mínimo representa não apenas um retrocesso econômico, mas uma escolha política que escancara o abismo social que nos assola.

Em um país onde milhões de brasileiros sobrevivem com um dos menores salários mínimos da América Latina, a decisão de impor um teto de 2,5% acima da inflação para seu crescimento é, no mínimo, uma afronta à dignidade humana. Como podemos falar em desenvolvimento nacional quando cerceamos justamente a capacidade de consumo e sobrevivência dos que mais precisam?

A matemática da exclusão se torna ainda mais perversa quando observamos as mudanças propostas para o BPC e o Bolsa Família. A exigência de biometria, embora apresentada sob o véu da modernização, ignora a realidade de milhares de brasileiros que vivem em áreas remotas ou enfrentam dificuldades de locomoção. São pessoas reais, com histórias reais, que podem ver seu acesso a direitos básicos ainda mais dificultado por entraves burocráticos.

Não podemos nos calar diante da narrativa que coloca o equilíbrio fiscal acima da dignidade humana. A previsão de economia de R$ 109,8 bilhões até 2030 representa, na verdade, recursos que deixarão de circular na base da pirâmide social, afetando diretamente o poder de compra das famílias mais pobres e, consequentemente, a própria economia local.

Contudo, nossa indignação não pode ser paralisante. É preciso transformá-la em ação cidadã e organizada. Precisamos fortalecer os movimentos sociais, ocupar os espaços de participação política e exigir de nossos representantes um projeto de desenvolvimento que não sacrifique os mais vulneráveis no altar do ajuste fiscal.

O momento exige mobilização social e pressão sobre o Senado, que ainda votará a proposta. É fundamental que a sociedade civil se organize e demonstre que a verdadeira economia que o Brasil precisa fazer não é cortando direitos dos pobres, mas combatendo privilégios e implementando uma reforma tributária verdadeiramente progressiva.

A história nos ensina que as grandes transformações sociais nasceram da indignação consciente e da ação coletiva. Hoje, mais do que nunca, precisamos resgatar essa capacidade de nos indignar e agir. O Brasil que queremos não se constrói deixando para trás justamente aqueles que mais precisam do amparo do Estado.

A luta por um país mais justo e igualitário não é uma opção – é um imperativo moral. E ela começa agora, com cada um de nós assumindo sua responsabilidade na construção de uma sociedade que não normalize a pobreza nem aceite a exclusão como destino inevitável de milhões de brasileiros.