Política e Resenha

HADDAD DÁ TIRO NO PÉ E PODE DERRUBAR GOVERNO LULA

 

 

 

 

 

O governo Lula, que já caminha sobre uma linha tênue de aprovação, parece estar se auto-sabotando com erros de comunicação que poderiam ser evitados. A recente polêmica envolvendo as novas regras de monitoramento da Receita Federal sobre transações via PIX acima de R$ 5 mil para pessoas físicas e R$ 15 mil para pessoas jurídicas é um exemplo claro disso.

Apesar de não haver tributação imediata sobre o uso do PIX, a maneira como essa informação foi divulgada causou um verdadeiro pânico entre os brasileiros. Na região Nordeste, onde o Lula tradicionalmente encontra apoio expressivo, a reação é de insegurança e desconfiança. Pessoas simples, como pedreiros e pequenos comerciantes, já estão mudando suas rotinas de pagamento e evitando receber por PIX por medo de serem fiscalizadas ou até mesmo penalizadas.

O problema maior aqui não é a medida em si, mas sim a falta de uma estratégia clara de comunicação. Quando a Agência Brasil divulga uma notícia com destaque extraordinário sobre o monitoramento das transações, sem um contexto adequado, ela entrega nas mãos da oposição uma oportunidade de ouro para reforçar o discurso de desconfiança e incerteza.

O resultado? O estrago está feito. Em redes sociais, emissoras de rádio e TVs regionais, a matéria ganhou uma repercussão negativa imensa. O cidadão comum, que já se sente desamparado pelo governo, agora vê um “monstro” chamado Receita Federal ameaçando sua já dura rotina de trabalho.

Não se pode ignorar que esses trabalhadores informais, como o guarda noturno que recusa receber até mesmo R$ 30 via PIX por medo de fiscalização, representam uma fatia importante da economia do país. São pessoas que trabalham muito, dormem pouco e mal conseguem organizar suas finanças, e agora estão apavoradas com uma possível fiscalização mais rigorosa.

A questão é: por que o governo lança uma informação que já poderia ser implícita? A Receita Federal sempre fiscalizou movimentações bancárias, então qual a necessidade de tornar isso uma manchete? Se era para agradar o mercado financeiro ou passar uma impressão de controle, o tiro saiu pela culatra. O mercado não aprovou, o povo ficou apavorado, e a oposição ganhou um presente.

O ministro Fernando Haddad, que já vem enfrentando dificuldades em conciliar interesses tão divergentes, precisa urgentemente definir uma pauta clara e objetiva. Não é possível agradar a todos: ou se prioriza o mercado, ou se prioriza o povo. Tentar andar no limbo entre os dois só levará o governo ao fracasso.

Além disso, há uma lição a ser aprendida: em um país tão dividido como o Brasil, cada movimento precisa ser calculado com precisão cirúrgica. A comunicação do governo deve ser eficiente, transparente e, acima de tudo, cuidadosa.

Como disse um morador do interior, “eu votei no Lula, mas não tão me ajudando”. Esse sentimento de desencanto pode se refletir nas urnas em 2026 se não houver uma correção imediata de rota.

Portanto, Sr. Haddad, o momento exige mais foco e menos improviso. Não dá para agradar gregos e troianos. Ou se escolhe uma estratégia coerente, ou as consequências políticas virão implacáveis.

 

Padre Carlos