A recente notícia sobre o possível ingresso do cantor Gusttavo Lima na disputa presidencial de 2026 nos força a uma reflexão profunda sobre o atual cenário político brasileiro. O episódio, que já provocou uma corrida entre diferentes partidos políticos pela filiação do artista, evidencia uma preocupante tendência de confundir popularidade com capacidade administrativa.
A política não é um show de entretenimento. A gestão de uma nação requer muito mais que carisma ou milhões de seguidores nas redes sociais. É preciso experiência administrativa, conhecimento profundo de políticas públicas, economia, relações internacionais e, principalmente, um genuíno compromisso com o bem público.
O fenômeno da “celebrização” da política não é novo, mas tem se intensificado perigosamente. Partidos tradicionais como União Brasil e PP, além do PRTB, ao demonstrarem interesse em um candidato sem histórico político ou experiência administrativa, parecem priorizar o potencial eleitoral em detrimento da capacidade de governança.
É importante lembrar que a Presidência da República não é um palco de shows, mas um cargo que exige preparo técnico, visão estratégica e habilidade para lidar com as complexas demandas de um país continental como o Brasil. A transformação de artistas em candidatos, sem a devida preparação ou vocação para a vida pública, pode representar um retrocesso significativo para nossa democracia.
O eleitorado brasileiro precisa amadurecer e compreender que popularidade não é sinônimo de competência administrativa. A escolha de nossos representantes deve ser baseada em propostas concretas, histórico de realizações e capacidade comprovada de gestão, não em números de visualizações ou seguidores.
Esta situação nos convida a refletir sobre a seriedade com que tratamos nossa democracia. É hora de elevarmos o nível do debate político e exigirmos candidatos verdadeiramente preparados para os desafios de governar um país, não apenas figurões famosos em busca de um novo palco.