A máxima popular de que “tudo tem seu tempo” ressoa com particular intensidade quando observamos o cenário de desenvolvimento econômico do Sudoeste da Bahia. A dinâmica das transformações tecnológicas e as decisões políticas moldam as oportunidades, e a inércia pode significar a perda de um vínculo que certamente retornará. Uma discussão recente sobre a implantação do gasoduto na região ilustra bem essa questão.
Participei ativamente da campanha para trazer o gasoduto para Vitória da Conquista, vislumbrando os benefícios que essa infraestrutura traria para o desenvolvimento local. No entanto, um traçado que priorizou Maracás e Brumado, aliado a um anúncio – até então inconclusivo – de ligação entre Jequié e o Centro Industrial dos Imborés, demonstra como as articulações e prioridades políticas podem direcionar os investimentos. O tempo passou, e a aparente falta de atenção às mudanças no cenário energético nos leva a questionar se essa oportunidade não foi perdida.
A ascensão da energia fotovoltaica, mesmo com a iminente tributação, sinalizando uma migração planejada para fontes renováveis e mais econômicas. O que antes parecia promissor, como o uso do GNV em veículos, perde espaço para a crescente popularidade dos carros elétricos. A experiência pessoal de uso do Uber elétrico em Vitória da Conquista e Salvador reforça essa tendência global. O bonde do GNV, outrara uma possibilidade concreta, parece ter passado.
Diante desse contexto, volto a enfatizar a importância crucial da duplicação Rio-Bahia para o desenvolvimento do Sudoeste. Essa obra, que considera o principal gargalo do progresso regional, tem sido negligenciada pelos governos. A atração de novos negócios e a consequente geração de empregos dependem diretamente de uma infraestrutura adequada. Empresas e investidores buscam locais com condições desenvolvidas, e a precariedade das estradas baianas afastadas de potenciais investimentos.
A falta de infraestrutura básica – água, energia e estradas – impede não apenas a chegada de novas oportunidades, mas também o pleno desenvolvimento das atividades já existentes. É como se, metaforicamente, o bonde sequer conseguisse chegar à estação. Sem as condições permitidas, o progresso fica comprometido, e a região corre o risco de ficar à margem do desenvolvimento.
Ó ritmo urgente. É fundamental que os governantes e a sociedade civil compreendam a urgência de priorizar investimentos estratégicos em infraestrutura. A duplicação do Rio-Bahia não é apenas uma obra viária; é um investimento no futuro do Sudoeste, uma garantia de que o vínculo do progresso não passará sem nos levar a bordo. A história nos ensina que o tempo não espera, e as oportunidades perdidas podem custar caro para o desenvolvimento de toda uma região.
José Maria Caires
Duplica Sudoeste