Levantamento feito pelo Política e Resenha mostra que o governo Lula teve um recorde de Medidas Provisórias (MPs) não aprovadas e um elevado número de vetos derrubados. O governo paga um preço alto por privilegiar o partido em detrimento das forças do centro, o que expõe sua fragilidade no Congresso e sua falta de articulação política.
LULA TEM A PIOR TAXA DE APROVAÇÃO DE MPs EM 20 ANOS
Segundo o levantamento, apenas 15% das MPs editadas pelo atual governo foram aprovadas e viraram lei. Em comparação, o ex-presidente Jair Bolsonaro teve 37% de suas MPs aprovadas. A diferença revela uma crise de diálogo do governo petista com o Congresso. Enquanto Bolsonaro negociou de forma agressiva com o Centrão, Lula insiste em governar para sua base ideológica, ignorando que o atual Congresso exige concessões mais amplas.
VETOS DERRUBADOS: UMA DERROTA ATRÁS DA OUTRA
Lula também enfrenta uma alta taxa de derrotas na derrubada de vetos presidenciais. No atual governo, 32 vetos foram derrubados, contra 31 no governo Bolsonaro. Embora a diferença numérica pareça pequena, politicamente ela simboliza um enfraquecimento da autoridade presidencial. Bolsonaro, mesmo impopular em determinados momentos, utilizou mecanismos como o orçamento secreto para manter fidelidade parlamentar. Lula, por outro lado, assumiu o governo prometendo “reconstruir pontes”, mas encontra dificuldades em consolidar apoios.
O PT CONCENTRA MINISTÉRIOS, MAS NÃO TEM APOIO SUFICIENTE NO CONGRESSO
Outro fator que contribui para as derrotas legislativas de Lula é a distribuição de cargos no Executivo. O PT controla 53% das pastas estratégicas, incluindo Ministério da Fazenda, Casa Civil e Educação. Enquanto isso, partidos do centrão como PSD, MDB e União Brasil ficaram com pastas secundárias e, por consequência, não demonstram fidelidade ao governo nas votações.
Lula repete uma estratégia de seus governos anteriores, evitando dividir poder com o Centrão, mas agora enfrenta um Congresso muito mais fragmentado e autônomo. Sem um governo de coalizão estruturado, o resultado é um presidente que enfrenta derrotas sucessivas e dificuldades para implementar sua agenda.
CONCLUSÃO: O QUE FAZER?
Se Lula quiser reverter esse quadro, ele precisará adotar uma estratégia diferente:
- Revisar sua política de alianças– Garantir mais espaço a partidos aliados pode fortalecer sua base no Congresso.
- Estabelecer negociações mais eficazes– Dialogar diretamente com líderes partidários para garantir apoio em votações-chave.
- Adotar uma comunicação política mais assertiva– Explicar melhor suas propostas ao Congresso e à opinião pública pode reduzir resistências.
O governo não pode continuar refém da infidelidade do Centrão. Ou o Centrão vota com o governo, ou perde seus privilégios. A inção de Lula em resistir à pressão pode ser louvável, mas em um ambiente político tão polarizado e fragmentado, o risco de isolamento e paralisia legislativa é grande.