(Padre Carlos)
O desabamento de parte do teto da Igreja de São Francisco de Assis, no Centro Histórico de Salvador, não é apenas uma tragédia pontual. É um alerta. A igreja, conhecida como a “igreja de ouro” por seu esplendor barroco, é um dos maiores símbolos da fé e da cultura baiana. No entanto, sua estrutura centenária cedeu, levando consigo vidas e deixando feridos. A pergunta que devemos fazer não é apenas “como isso aconteceu?”, mas sim “por que deixamos acontecer?”.
As igrejas históricas de Salvador são tesouros, mas parecem tratadas como fardos. O desabamento expõe uma realidade comum no Brasil: o abandono do patrimônio histórico. Não se trata apenas de restauração estética, mas de segurança. Quem fiscaliza as condições desses prédios? Quem se responsabiliza por evitar que tragédias como essa se repitam?
A Arquidiocese, o Iphan e os órgãos públicos têm suas responsabilidades, mas não podemos ignorar o peso da negligência governamental ao longo dos anos. Recursos destinados à preservação se perdem na burocracia, e as ações concretas chegam tarde demais. Hoje, lamentamos uma morte e feridos, mas quantas outras igrejas, casarões e monumentos em Salvador estão no mesmo caminho?
O Pelourinho, cartão-postal da Bahia, carrega em suas ruas e prédios a memória de séculos. Mas, se nada for feito, continuará a ser um museu a céu aberto de desmoronamentos. Mais do que lamentar, precisamos exigir medidas. Antes que outras igrejas se tornem apenas ruínas do que já foram.