O Carnaval deste ano promete surpreender, e não apenas pela folia. Em meio a uma programação inusitada, a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Vitória da Conquista anunciou que as lojas da cidade não funcionarão na segunda-feira (3) e na terça-feira (4) de março, enquanto no sábado (1) e na quarta-feira de cinzas (5) o atendimento terá início às 8h. Uma decisão que, à primeira vista, parece preparar o comércio para um recesso total durante os dias de maior expectativa carnavalesca.
Contudo, o enredo se complica: em uma reviravolta inesperada, o Sindicato do Comércio Varejista e Atacadista de Vitória da Conquista (SincomércioVC) se manifestou por meio de nota assinada pelo presidente João Luiz dos Santos Jesus. Segundo o sindicato, a terça-feira de Carnaval não é, na verdade, feriado. De acordo com o Termo Aditivo à Convenção Coletiva firmado em 13 de janeiro de 2025, a decisão de abrir ou não as portas fica a critério dos empresários, uma vez que o dia 4 não se enquadra como feriado.
A explicação é clara: conforme o parágrafo único da cláusula 6ª do Termo Aditivo, a terça-feira de Carnaval pode ser utilizada como mais um dia útil para os estabelecimentos. Para os comerciantes que optarem por manter suas portas abertas, o movimento será legítimo e amparado pela legislação. Já aqueles que decidirem fechar poderão oferecer folga aos funcionários, utilizando o banco de horas para compensação futura.
Ainda mais intrigante é o fato de que, de acordo com a legislação municipal – em especial a Lei nº 2.669, de 29 de agosto de 2022 – o tradicional feriado de Carnaval foi oficialmente substituído pelo feriado de Corpus Christi. Essa mudança legal reforça o argumento do sindicato, garantindo que os empresários não correrão riscos de penalização caso optem por operar na tão debatida terça-feira.
Enquanto Vitória da Conquista não realiza um Carnaval de rua tradicional, muitos moradores aproveitam o período para viajar e celebrar a folia em cidades vizinhas. Assim, o debate ganha contornos econômicos: a decisão de fechar ou abrir pode impactar tanto a receita dos estabelecimentos quanto a mobilidade dos consumidores que escolhem a cidade para descansar ou se divertir.
A polêmica, que mistura tradição, legislação e interesses comerciais, coloca em evidência a necessidade de um diálogo aberto entre os setores empresariais, o sindicato e a população. Resta agora acompanhar os desdobramentos e ver se os empresários, diante dessa liberdade legal, optarão por aproveitar a oportunidade de lucrar ou manter a tradição do recesso durante o Carnaval.
Este Carnaval 2025, portanto, vai além da dança e da música – ele promete ser também um palco de decisões estratégicas que podem definir o futuro do comércio local.