Política e Resenha

ARTIGO – A Surreal Lógica de Jerônimo Rodrigues: Reduzir o ICMS sem Abater os Combustíveis

 

 

Quem diria que em pleno século XXI, no Brasil, ainda estaríamos assistindo a uma dança das cadeiras onde a lógica e a transparência são as grandes ausentes? O governador Jerônimo Rodrigues, em um ato de bravura quase poética, decidiu sair em defesa da redução do ICMS da cesta básica, como se isso, por si só, fosse a solução mágica para todos os nossos problemas. Mas, como sempre, a realidade é muito mais complexa e, convenhamos, um pouco mais hilária.

Vamos aos fatos: se não abaixarmos os preços dos combustíveis que transportam as mercadorias da cesta básica, de que adianta isentar os produtos da cesta básica de ICMS? É como oferecer um banquete em um restaurante cuja comida está a preços astronômicos, enquanto o garçom insiste que o couvert é grátis. O governador parece esquecer que, enquanto ele aplaude a isenção, o transporte das mercadorias ainda está sujeito a custos que, adivinhem só, são diretamente afetados pela alíquota do ICMS sobre os combustíveis.

E aqui está o grande truque: ao classificar os estados brasileiros com base nas alíquotas elevadas de ICMS para combustíveis, Jerônimo faz uma escolha estratégica de desviar o foco. Olhem para o Rio de Janeiro, por exemplo, com seus 25% de ICMS. Um verdadeiro campeão em taxas! Isso sem mencionar São Paulo, que também ostenta a mesma alíquota, mas com a adição de uma pitada de complexidade, porque, claro, a alíquota pode variar conforme o tipo de combustível e a região. Uma verdadeira obra de arte da confusão tributária!

A Bahia, com seus 17% a 18% de ICMS, não está de fora do jogo. O governador faz questão de exibir a isenção dos produtos da cesta básica como uma medalha de honra ao mérito. Mas a pergunta que não quer calar é: de que adianta garantir comida no prato se o transporte dessa comida está na contramão dos preços justos? É uma contradição digna de uma novela das nove, onde o herói e o vilão se confundem!

E enquanto o governador se esforça para se colocar como o guardião da alimentação baiana, não podemos ignorar a realidade que está bem diante de nossos olhos: a pressão nos preços dos combustíveis continua a subir, e a população, coitada, permanece à mercê de uma lógica que não faz sentido. O que deveria ser uma ação direta para aliviar o bolso do cidadão se torna um verdadeiro jogo de empurra, onde os verdadeiros responsáveis pela elevação dos preços se escondem sob a sombra de promessas vazias.

A redução do ICMS sobre a cesta básica é, sem dúvida, um passo positivo, mas que deve vir acompanhado de uma análise mais profunda e realista. O que precisamos é de uma estratégia integrada que leve em consideração todos os fatores que afetam o custo de vida. E até lá, continuaremos a ver governantes se esforçando para vender ilusões, enquanto a realidade se torna uma piada de mau gosto.

É hora de abrir os olhos, Bahia! Que tal exigir de nossos líderes uma abordagem que realmente enfrente os problemas, em vez de apenas empurrá-los para debaixo do tapete? Afinal, se não baixarmos os combustíveis, não adianta nada garantir que a comida esteja no prato. É como tentar acender uma fogueira com gasolina, mas sem fósforo. Uma verdadeira contradição!

(Padre Carlos)