Neste mundo complexo e cheio de nuances, é fácil cair na armadilha da presunção, acreditando que somos detentores da verdade absoluta. Ao longo dos anos, percebi que meu entendimento sobre a vida e suas diversas facetas evoluiu, e a humildade de não ser dono da verdade tornou-se uma lição valiosa.
Quando jovem, me via como um detentor inquestionável da verdade. Minha visão era limitada, e acreditava que qualquer discordância era um desafio pessoal. A maturidade, no entanto, trouxe consigo a compreensão de que a verdade é multifacetada, e não existe uma única perspectiva que se aplique a todos.
A postura agressiva da esquerda e da direita, que transforma o diálogo em um embate de “quem está comigo ou contra mim”, é um reflexo da arrogância de se considerar dono da verdade. Essa atitude polarizada cria bolhas, onde a diversidade de pensamentos é sufocada em prol de uma suposta superioridade intelectual.
Platão, com sua sabedoria atemporal, alertava que quem acredita já saber, fecha as portas para o aprendizado. Reconhecer que não sou o detentor exclusivo da verdade foi um passo crucial para meu amadurecimento. A humildade de aceitar que outros podem ter perspectivas valiosas que ainda não explorei é um ato de grandeza.
No cenário político, a busca pela verdade muitas vezes se transforma em um embate entre dois touros, cada um lutando para impor sua visão. Contudo, a verdade é relativa, e a conciliação é possível quando abandonamos a pretensão de sermos os únicos detentores da razão.
A história da humanidade é um emaranhado de pontas soltas, uma narrativa em constante evolução. Não podemos afirmar, com soberba, que alcançamos a verdade em sua plenitude, seja ela científica, histórica ou humana. Estamos em constante busca, perpetuando o ciclo do aprendizado.
A humildade de não ser dono da verdade é uma qualidade que enriquece nossas vidas. Ao abraçar a diversidade de ideias, somos capazes de alcançar sínteses valiosas, expandindo nossos horizontes. Cada interação com outro ponto de vista nos oferece a oportunidade de crescer, de ver a vida por novos prismas.
Neste caminho de constante aprendizado, reconheço que a verdade é um horizonte em movimento. Ao aceitar minha limitação e a riqueza das perspectivas alheias, sou capaz de contribuir para um diálogo mais enriquecedor e construtivo. A humildade de não ser dono da verdade é o alicerce para uma sociedade mais tolerante e aberta ao progresso.
Que possamos todos, humildemente, reconhecer a vastidão do desconhecido e caminhar juntos na busca incessante pela compreensão. Afinal, na humildade, encontramos a verdadeira grandeza da sabedoria.
(Padre Carlos)