É simplesmente inaceitável que a terceira maior cidade da Bahia continue sendo tratada como coadjuvante no cenário político estadual! A entrevista da prefeita Sheila Lemos ao Portal A TARDE escancara uma realidade que não podemos mais tolerar: o descaso sistemático com o interior baiano, especialmente com uma cidade do porte e da importância de Vitória da Conquista.
Como é possível que um município que representa o sexto maior PIB do estado, polo econômico de toda a região sudoeste e até do norte de Minas Gerais, seja relegado a segundo plano nas discussões sobre o futuro da Bahia? Este é o retrato da centralização política que sufoca o desenvolvimento regional e perpetua desigualdades históricas em nosso estado.
A proposta de criação da Região Metropolitana do Sudoeste não é um capricho político – é uma necessidade urgente! Quando a prefeita compara a Bahia, com suas dimensões continentais, a Santa Catarina, que possui 13 ou 14 regiões metropolitanas em um território muito menor, evidencia-se o absurdo da nossa situação. Não se trata apenas de nomenclatura, mas de estabelecer um fundo que permita o desenvolvimento conjunto e sustentável de toda uma região.
É revoltante constatar que cidades muito menores recebem investimentos estaduais enquanto Vitória da Conquista espera indefinidamente por obras atrasadas! A barragem que ficou anos paralisada, as estradas anunciadas e não entregues – isso não é um desrespeito apenas à administração municipal, mas aos mais de 400 mil conquistenses que também elegeram o atual governador!
Na área da saúde, a situação é ainda mais grave. O Hospital Esaú Matos, único estabelecimento com atendimento obstétrico na cidade, atende a 200 municípios baianos e precisa urgentemente de apoio estadual para ampliação. Como podemos aceitar que mulheres de toda a região dependam de uma única unidade para dar à luz? Isto não é apenas uma questão administrativa – é uma questão de dignidade humana!
O transporte público de Conquista demonstra o que é possível fazer quando há compromisso com a população. Uma tarifa de R$3,80 desde 2018, com frota renovada, deveria ser modelo para todo o estado. Mas por que o município deve arcar sozinho com esse subsídio? Onde estão o Estado e a União com suas responsabilidades constitucionais? A tarifa zero não é utopia – é direito!
No entanto, em meio a toda essa indignação, há sinais de esperança. A educação conquistense ostenta o melhor IDEB da Bahia entre municípios com mais de 100 mil habitantes. O aumento das escolas de tempo integral, de 6 para 22, com planos de duplicação, demonstra que é possível avançar mesmo quando faltam recursos federais e estaduais.
O programa “Governando com as Pessoas”, que permite à população escolher as ações em seus bairros, é um exemplo de democracia participativa que deveria ser replicado em todo o estado. Enquanto muitos falam em ouvir o povo, Vitória da Conquista realmente coloca isso em prática!
A verdade é que não podemos mais aceitar a relação meramente “institucional” entre governo estadual e municípios. O desenvolvimento da Bahia exige cooperação efetiva, não apenas protocolos formais! O diálogo não pode ser apenas político, mas verdadeiramente voltado para as necessidades da população.
A Bahia de 2026 precisa, sim, perpassar por Conquista – não por ambições pessoais ou cálculos eleitorais, mas porque uma verdadeira transformação estadual só acontecerá quando reconhecermos e valorizarmos nossos polos regionais. Não é possível construir um estado mais justo ignorando sua terceira maior cidade!
Que esta entrevista sirva como um chamado à ação para todos os baianos: é hora de exigir um novo pacto federativo que respeite as potencialidades regionais e promova um desenvolvimento verdadeiramente inclusivo. O futuro da Bahia depende disso!