Um muro no meio do caminho. Literalmente. Nesta quarta-feira (9), uma denúncia envolvendo a gigante do setor calçadista DASS, instalada há cerca de 20 anos em Vitória da Conquista, escancarou o conflito entre crescimento empresarial e respeito à comunidade local.
Segundo relatos de moradores e comerciantes do entorno da fábrica, ruas foram fechadas sem aviso prévio, e o caso mais chocante envolve um restaurante com 17 anos de funcionamento, cuja entrada foi totalmente bloqueada por um muro construído pela própria empresa. O motivo? A dona do restaurante teria se recusado a vender o imóvel, segundo testemunhas.
“É revoltante. Depois de 17 anos trabalhando aqui, a gente vê tudo sendo bloqueado, sem diálogo, sem consideração”, desabafou um comerciante vizinho, sob condição de anonimato.
PM FOI CHAMADA PARA ACOMPANHAR A MURETA DA DISCÓRDIA
O que era tenso virou ainda mais delicado com a presença da Polícia Militar, acionada para acompanhar a construção do muro. Moradores, empresários e até funcionários da própria DASS demonstraram desconforto com a condução da situação. Para muitos, a presença policial soou como um ato intimidatório diante de uma ação que deveria, no mínimo, ser debatida publicamente.
O DIREITO DE IR E VIR TAMBÉM FOI MURADO
Além do caso do restaurante, ruas inteiras estão sendo fechadas, segundo denúncias, comprometendo a mobilidade urbana e o cotidiano de quem vive ou trabalha na região. “Não é só uma rua, são histórias de vida sendo desrespeitadas”, afirmou uma moradora.
TERRA CEDIDA PELO ESTADO, MAS USO QUESTIONADO
O terreno onde os muros estão sendo erguidos pertence à empresa, mas que foi cedido pelo Governo do Estado, o que acende ainda mais o alerta: pode uma concessão pública ser usada contra os próprios cidadãos?
A comunidade, por sua vez, cobra respeito, diálogo e responsabilidade social. E fica a pergunta no ar: quem vai derrubar esse muro — físico e simbólico — que se ergueu entre a empresa e a cidade?