Em meio a um cenário global que clama por ações concretas diante das crises climáticas e sociais, a cidade de Vitória da Conquista deu um passo audacioso e necessário. Ao sediar o 1º Encontro ODS do Sudoeste da Bahia, o município não apenas abriu suas portas para um debate crucial, mas se posicionou na vanguarda de um movimento que precisa urgentemente ganhar tração em todo o país: a internalização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU como bússola para o planejamento e a ação governamental.
A presença de representantes de mais de 80 municípios, lado a lado com autoridades da União Europeia, ONU e FNP, não é um mero detalhe protocolar. É um sinal potente da crescente conscientização de que os desafios do século XXI – da erradicação da pobreza à preservação ambiental, da educação de qualidade à igualdade de gênero – transcendem fronteiras geográficas e exigem uma resposta coordenada, colaborativa e, acima de tudo, local.
A prefeita Ana Sheila Lemos Andrade, ao afirmar que “é possível crescer com sustentabilidade”, toca no cerne da questão. Por muito tempo, o desenvolvimento foi erroneamente associado a um modelo predatório, que ignorava os limites do planeta e as necessidades das futuras gerações. O recado de Conquista, ecoado durante o evento, é claro: o progresso verdadeiro é aquele que se planeja com responsabilidade, que inclui a cidade e o campo, e que garante um futuro digno “para todas as gerações”. A inclusão dos ODS no plano de governo municipal e a sanção da adesão formal à Agenda 2030 durante o encontro conferem peso e materialidade a esse discurso, transformando intenção em política pública.
A fala de Robert Steinlechner, da União Europeia, ressaltando que a implementação dos ODS depende fundamentalmente das cidades, é um lembrete poderoso. São nos municípios que a vida acontece, onde as políticas públicas tocam diretamente o cidadão, onde os problemas se manifestam de forma mais aguda, mas também onde as soluções mais inovadoras podem florescer. Se falharmos em traduzir as metas globais em ações locais eficazes, a Agenda 2030 correrá o risco de se tornar apenas um documento de boas intenções.
Este 1º Encontro ODS do Sudoeste da Bahia, portanto, é mais do que um evento. É um marco simbólico e prático. Simbólico, por demonstrar a capacidade de mobilização regional e o compromisso de lideranças locais com uma agenda global. Prático, por fomentar parcerias, estratégias e, espera-se, ações concretas que comecem a redesenhar o futuro do Sudoeste baiano sob a ótica da sustentabilidade.
O desafio, agora, é garantir que o entusiasmo e as discussões iniciadas no Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima se traduzam em mudanças reais e duradouras nos 80 municípios representados e sirvam de inspiração para tantos outros. Que a chama acesa em Vitória da Conquista não se apague com o fim do evento, mas se espalhe, iluminando o caminho para um desenvolvimento que seja, de fato, sustentável, inclusivo e justo para todos. O tempo urge, e a ação local é o motor da transformação global que não pode mais esperar.
