O Supremo Tribunal Federal deu um passo decisivo ao abrir a ação penal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e parte da cúpula de seu governo. A transformação da denúncia em processo formal coloca o país diante de uma encruzilhada histórica: encarar com maturidade democrática a tentativa de ruptura institucional orquestrada no seio do poder ou naturalizar mais uma grave afronta à ordem constitucional.
Bolsonaro e seus generais — Braga Netto, Heleno, Paulo Sérgio, entre outros — não são meramente acusados de erros administrativos ou falas polêmicas. Estão sendo responsabilizados por uma trama golpista, que inclui tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito e articulações para um golpe de Estado. Crimes dessa natureza não ferem apenas a lei; ferem a própria alma da nação.
O STF cumpre seu papel constitucional como guardião da democracia. Alexandre de Moraes, relator do caso, conduz um processo minucioso, que poderá selar o destino político de Bolsonaro e desestimular futuras aventuras autoritárias. Ainda que o julgamento não tenha data marcada, já se sabe: os olhos da história estão atentos.
Esse processo não é apenas jurídico — é simbólico. O Brasil precisa saber se é capaz de punir seus poderosos quando transgridem os limites da legalidade democrática. A lição que se extrai é clara: não haverá estabilidade sem responsabilização.
