Vitória da Conquista acordou com o asfalto novo – ou quase isso. Em um ato final quase simbólico, a ViaBahia decidiu pintar a sinalização horizontal no trecho do Anel Viário que cruza com a Urbis VI, antes de entregar oficialmente a administração da BR-116 ao Governo Federal. Mas a população não ficou nem um pouco satisfeita. Pelo contrário: a tinta fresca escancarou uma frustração que já dura mais de uma década.
O trecho, que liga bairros populosos como Urbis VI, Renato Magalhães e Recanto das Águas, é palco de perigos diários. O fluxo intenso de veículos se choca com a travessia constante de pedestres – trabalhadores, estudantes, idosos, crianças. Uma bomba-relógio que poderia ser desarmada com uma intervenção séria: um viaduto. A promessa já foi feita. E refeita. Mas nunca cumprida.
Enquanto isso, a ViaBahia — que receberá R$ 681 milhões em indenização por ativos não amortizados e mais R$ 80 milhões para encerrar as operações — deixa como “legado” uma faixa branca no chão. Para muitos, um gesto que soa quase como deboche.
A rescisão contratual, homologada pelo Tribunal de Contas da União, oficializa o fim de uma era marcada por lentidão nas obras, abandono de compromissos e um sentimento geral de impotência diante do descaso. A partir do dia 17 de abril, o DNIT assume a gestão temporária das rodovias, prometendo uma atuação emergencial com recapeamentos e reforço de sinalização.
Mas o que Conquista quer vai muito além de medidas paliativas. Quer dignidade. Quer segurança. Quer ver, finalmente, o viaduto sair do papel e a duplicação do Anel Viário se tornar realidade.
Essa história revela mais do que o fim de um contrato: escancara a diferença entre cumprir obrigações e maquiar a omissão com tinta no chão.
A população já entendeu a mensagem. Agora, espera que os novos gestores ouçam o grito silencioso pintado no asfalto.