Política e Resenha

SALÁRIO MÍNIMO DE R$ 1.630 EM 2026: GANHO REAL OU ILUSÃO?

O governo federal acaba de anunciar, por meio do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2026, que o salário mínimo passará dos atuais R$ 1.518 para R$ 1.630, um aumento nominal de 7,37%. Mas a pergunta que ecoa nas ruas e redes sociais é direta: isso realmente representa um ganho para o trabalhador?

O reajuste segue a fórmula que voltou a vigorar desde 2023: inflação do ano anterior mais o crescimento do PIB de dois anos antes. No entanto, o arcabouço fiscal aprovado recentemente coloca um freio nesse crescimento, limitando o aumento real a no máximo 2,5% acima da inflação. Ou seja, mesmo que a economia cresça mais, o salário mínimo não poderá subir na mesma proporção.

GANHOU MAIS OU GASTOU MAIS?

Com um INPC estimado em 4,76% para o período, o reajuste parece generoso à primeira vista. No entanto, na prática, muitos brasileiros continuarão a sentir o peso da alta nos preços de alimentos, combustíveis, energia e transporte. O poder de compra segue ameaçado por uma inflação que, mesmo contida, ainda penaliza os que vivem com o mínimo.

IMPACTO MONSTRUOSO NO ORÇAMENTO

O impacto desse reajuste vai além do bolso do trabalhador. De acordo com o Ministério do Planejamento, cada R$ 1 a mais no salário mínimo custa R$ 400 milhões aos cofres públicos. Para 2026, a estimativa é de um salto de R$ 115,3 bilhões nas despesas da Previdência, compensados por uma arrecadação de R$ 71,2 bilhões. Um rombo crescente que pressiona o governo a equilibrar investimentos sociais com a responsabilidade fiscal.

PROMESSA PARA O FUTURO OU CÁLCULO POLÍTICO?

O PLDO também projeta que o salário mínimo chegará a R$ 1.925 em 2029. Mas, como o próprio governo admite, essas previsões são preliminares e passíveis de revisão. Em tempos eleitorais, esses anúncios se transformam facilmente em discurso político — mas quem paga a conta, todos os meses, é o trabalhador.

Enquanto a promessa de valorização do salário mínimo se mantém no papel, milhões de brasileiros continuam fazendo malabarismos com o orçamento doméstico. A pergunta que fica é: será que esse reajuste basta para garantir dignidade? Ou estamos, mais uma vez, vendendo otimismo e entregando frustração?