Política e Resenha

Opinião | Conquista em pauta: quando o diálogo institucional encontra a necessidade popular

 

 

 

 

Em um cenário político muitas vezes marcado pela polarização e pelo distanciamento entre esferas de poder, a reunião entre o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, e a prefeita de Vitória da Conquista, Sheila Lemos, na última terça-feira (22), sinaliza algo que vai além da burocracia: um gesto de maturidade institucional e compromisso com a população.

A pauta, centrada em demandas históricas e urgentes como saúde, infraestrutura e abastecimento de água, revela que Vitória da Conquista volta a ocupar o espaço que lhe é de direito nas discussões do alto escalão estadual. A proposta de uma nova maternidade — ou a ampliação dos serviços já existentes no Hospital Esaú Matos — não é apenas um avanço estrutural. É uma resposta direta a uma carência que afeta mulheres, crianças e famílias inteiras, muitas vezes submetidas a deslocamentos longos ou atendimentos precários em momentos de vulnerabilidade extrema.

Ainda mais emblemática é a proposta de implantação de sete novas Unidades Básicas de Saúde. Estima-se um investimento de R$ 20 milhões — montante significativo que, se bem gerido, poderá representar um divisor de águas no atendimento primário à saúde. Em tempos em que o SUS ainda é desafiado por falta de recursos e estrutura, qualquer passo que reforce a atenção básica é um avanço civilizatório.

Importante destacar que os temas tratados não se restringiram aos muros dos hospitais. A inclusão de projetos voltados à infraestrutura urbana e rural, além de medidas para mitigar os problemas crônicos de abastecimento de água, atestam uma compreensão mais ampla da saúde pública: aquela que também passa pela moradia digna, pelo saneamento básico e pelo acesso igualitário aos recursos naturais.

O que se viu nesta reunião foi um raro alinhamento de vontades políticas em torno de algo essencial: as pessoas. A prefeita, ao destacar a importância do diálogo institucional, acerta o tom ao reconhecer que a boa política se faz com escuta ativa, planejamento conjunto e responsabilidade mútua. Já o governador, ao afirmar que o Estado seguirá trabalhando pelas necessidades da população, reafirma um compromisso que precisa, cada vez mais, sair do papel e materializar-se em obras, serviços e dignidade.

Que esse encontro não seja um ponto fora da curva, mas um marco de uma nova fase para Vitória da Conquista — uma cidade que há muito tempo clama por atenção, investimentos e respeito. Quando prefeita e governador sentam-se à mesma mesa, quem deve levantar mais forte é o povo.

— Por Padre Carlos, articulista e observador atento da política baiana.