Política e Resenha

ARTIGO – Adeus, Papa Francisco, nossa voz da esperança (Padre Carlos)

 

 

O mundo, neste sábado, parece mais silencioso, como se toda a criação prendesse o fôlego diante da despedida definitiva do corpo do Papa Francisco. Não é apenas a morte de um homem ilustre que presenciamos. É o fim de uma era, a despedida de uma voz que ousou ser ternura num tempo de durezas, que preferiu a misericórdia ao rigor, que escolheu caminhar com os últimos quando muitos ainda preferem os palácios dos primeiros.

Neste adeus, nossa fé cristã nos consola com palavras do próprio Francisco: “Uma certeza consoladora: a morte não é o fim de tudo, mas o começo de algo.” Estas palavras, tão simples e tão profundas, abrem para nós uma fresta de luz em meio à dor. A morte não é aniquilação, não é esquecimento, não é fracasso. É passagem. É travessia. Como ele próprio escreveu em um texto até então inédito sobre a velhice e o fim da vida, a morte é apenas o início de uma realidade maior, que ultrapassa o que podemos ver e tocar.

Papa Francisco, que tanto falou aos pobres, aos migrantes, aos jovens, aos velhos esquecidos, hoje nos fala de sua própria travessia. Na serenidade da fé, ele se despede do mundo com a mesma doçura com que sempre acolheu seus irmãos e irmãs. E nós, seus filhos e ouvintes, ficamos com esta certeza gravada no peito: o amor é mais forte que a morte. Francisco vive agora plenamente na promessa que tanto pregou.

Neste sábado de adeus, o céu se torna mais próximo. E nós, de pé ou de joelhos, sentimos que os grandes nunca partem de verdade. Eles apenas atravessam para um lado onde a luz nunca se apaga.