Política e Resenha

Uma época em que a simplicidade reinava.

 

 

 

Lembro-me bem. O mundo cabia num quintal, a alegria num carrinho de rolimã, e a aventura, numa pipa dançando ao vento. Não havia telas brilhantes para nos distrair, mas céus azuis e o calor do sol na pele. As conversas eram olho no olho, os abraços apertados, e os laços, inquebráveis. Tínhamos tempo. Tempo para brincar, para aprender, para simplesmente ser. E que riqueza era essa!

A merenda escolar, um banquete! Leite com chocolate, sopinha fumegante… E a expectativa da “Sessão da Tarde”, pura magia! Os joelhos ralados, curados com merthiolate e um beijo de mãe. As broncas? Serviam de aprendizado, ensinavam respeito e responsabilidade. Éramos livres, sem as amarras do mundo virtual, e a nossa imaginação, sem limites, construía mundos fantásticos. Saudade desse tempo, saudade daquela infância.

Hoje, vejo crianças com a atenção presa em telas, o mundo na palma da mão, mas muitas vezes, tão distantes. Distantes do toque, do abraço, da conversa olho no olho. Será que sentem a terra sob os pés descalços? Será que experimentam a liberdade de uma tarde sem compromissos, apenas a brincadeira e a companhia dos amigos? Fica a saudade, e a esperança de que, em algum lugar, ainda existam crianças livres para serem crianças, descobrindo a beleza da simplicidade.

Talvez a maior lição que aquela época nos deixou foi a importância do contato humano, da construção de laços reais. Aprendemos a compartilhar, a cuidar, a respeitar. Valores que transcendem gerações e que, independentemente da época, continuam sendo a base de uma vida plena e significativa. E é isso que importa, no fim das contas. Levar esses ensinamentos para a vida, e tentar, de alguma forma, passá-los adiante.

A gratidão por essa infância simples e cheia de significado permanece. Uma saudade boa, daquelas que aquecem o coração e nos lembram quem somos, de onde viemos, e a importância de valorizar as coisas simples da vida. Um tempo que, mesmo distante, continua vivo em nossas memórias.

E assim, seguimos em frente, carregando a essência daquela época em nossos corações. Um lembrete constante da importância da simplicidade, da conexão humana, e da pureza de uma infância vivida com intensidade e liberdade.