Política e Resenha

ARTIGO – A cultura precisa de nome, voz e coragem

 

 

(Padre Carlos)

Na tribuna da Câmara Municipal de Vitória da Conquista, a vereadora Dra. Lara não apenas fez um pronunciamento — ela registrou na história recente da cidade um ato de justiça cultural. Em uma sessão especial dedicada ao Dia Municipal da Cultura e aos 40 anos da Axé Music, a fala de Dra. Lara sobre a relevância do produtor cultural Pedro Massinha foi um tributo necessário à memória viva de uma cidade que, por vezes, parece esquecer de quem lhe constrói a alma.

Massinha não é apenas um nome ligado ao entretenimento. Ele é um elo entre o passado glorioso das micaretas de rua e a possibilidade de um futuro cultural mais pulsante e democrático. Sua trajetória como idealizador do bloco Massicas e da Mi Conquista é entrelaçada com o imaginário afetivo de gerações conquistenses. Resgatar esse legado é mais do que saudosismo — é reconhecer que cultura popular é política pública, é economia criativa, é identidade coletiva.

Ao defender o retorno permanente da Micareta de Rua, Massinha toca numa ferida: por que deixamos que eventos de tamanha importância fossem interrompidos? Sua fala emocionada na presença da família e dos colegas não é apenas uma evocação nostálgica, mas uma convocação à responsabilidade do poder público. Uma cidade que se orgulha de sua inteligência crítica, de seus artistas e de sua efervescência cultural, não pode ser omissa com suas raízes.

A vereadora Dra. Lara, ao ecoar essa importância no plenário, deu voz a muitos que não ocupam microfones, mas dançam na pipoca, cantam nos trios e sustentam com alegria os blocos de rua. A iniciativa “Pipoca Solidária”, da última edição da Micareta, mostra que é possível aliar festa à inclusão, música à solidariedade, e celebração à cidadania.

Vitória da Conquista precisa entender que cultura não é ornamento de luxo nem capricho de artistas. Cultura é política de base. Massinha, com sua visão e entrega, tem feito isso há décadas. E é bom saber que ainda existem parlamentares, como Dra. Lara, capazes de reconhecer isso e colocar no centro do debate aquilo que realmente forma o coração de uma cidade: sua gente, seus símbolos e seus sons.