Política e Resenha

ARTIGO – O Silêncio que Fala Alto (Padre Carlos)

 

 

 

A morte, embora certa como o nascer do sol, sempre nos encontra desprevenidos. Há um tipo de dor que não grita, mas nos atravessa como um sussurro cortante: é a ausência dos que amamos. A Missa de Sétimo Dia, como a que será celebrada em memória de Zorilda Andrade Santos, é um desses momentos em que o tempo se curva diante da eternidade e o coração humano, tão frágil, busca consolo nas palavras da fé.

 

A liturgia não é apenas uma formalidade religiosa — ela é também um espaço de reencontro com o sagrado e com a memória. Quando um nome como o de Dona Zorilda é pronunciado no altar, ele não ecoa apenas no templo, mas dentro de cada um que a conheceu. O gesto simples de reunir familiares e amigos revela um traço profundo da alma miguelense: o respeito à ancestralidade, à presença que não se apaga mesmo depois da partida.

 

A missa, nesse sentido, não é só oração — é também resistência contra o esquecimento. É uma declaração: “Ela vive em nós”. E mais ainda, como diz o evangelho de João, “ainda que morra, viverá”.

 

Zorilda, nascida em 1935, atravessou quase um século de mudanças no Brasil. Presenciou a cidade de São Miguel em transição e ajudou Vitória da Conquista junto com seus irmãos miguelenses a se transformar nesta grande metrópole. E assim, o que restará não será o tempo em que viveu, mas a marca que deixou nos corações. Esse é o verdadeiro legado — não o que se escreve em lápides, mas o que se inscreve na alma de quem permanece.

 

Em tempos em que a vida parece cada vez mais descartável, celebrar a memória é um ato de amor e lucidez. A morte não deve nos assustar — deve nos ensinar. Cada adeus é também um chamado para vivermos com mais presença, mais ternura e mais verdade.

 

A Zorilda que se despede agora das dimensões visíveis da existência, segue viva na fé dos seus. E é essa fé que faz da morte um ponto e vírgula — e não um ponto final.

Missa de Sétimo Dia

Convidamos familiares e amigos para a Missa de Sétimo Dia em memória de Zorilda Andrade Santos, a ser celebrada no dia 05/05/2025 às 19h horas, na Catedral de Nossa Senhora das Vitórias.

★ 26/06/1935 + 30/04/2025

“Eu sou ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá.”