(Padre Carlos)
Estamos nas mãos de Deus. Com essas palavras serenas e firmes, o Santo Padre Leão XIV apresentou-se ao mundo neste 8 de maio, como quem sabe que nenhuma tempestade é maior do que a mão que nos sustenta. A Igreja, peregrina e missionária, reencontra no Sucessor de Pedro o sinal visível da unidade, da fé e do pastoreio amoroso que conduz com coragem e humildade o rebanho de Cristo. Sim, estamos imensamente felizes! O Senhor, mais uma vez, não abandona a barca de Pedro.
A missão do Papa é, antes de tudo, confirmar seus irmãos na fé. E essa fé não é uma ideia abstrata, mas uma adesão viva ao Ressuscitado, cuja vitória sobre o pecado e a morte nos abre as portas da esperança. Dizer que estamos nas mãos de Deus, neste tempo pascal, não é uma figura poética, mas uma decisão existencial: somos filhos que se sabem amados, protegidos, chamados a confiar.
O Papa Leão XIV nos aparece como um homem de Deus, consciente das dores do mundo e das feridas da Igreja, mas repleto da certeza de que a graça não falha, mesmo quando a história parece tropeçar. É dessa confiança que brota sua palavra firme em favor da paz — e que palavra! Diante do clamor das guerras, da violência que assola os corações e as nações, ele nos fala da paz de Cristo Ressuscitado, uma paz desarmada, uma paz desarmante. Essa paz não se impõe, ela se propõe com humildade e perseverança, porque vem de Deus, o Deus que nos ama a todos incondicionalmente. Essa é a paz que edifica pontes, que rompe ciclos de ódio e semeia reconciliação.
Neste mesmo domingo em que celebramos com ternura o Dia das Mães, a palavra do Papa parece encontrar eco no coração de cada casa. Porque toda mãe é portadora de paz. Toda mãe é sinal da ternura de Deus. Como ensinava o Papa Francisco, é no abraço materno que a criança experimenta a bondade do mundo, aprende a confiar, a se descobrir valiosa. As mães, com suas mãos calejadas e seu coração atento, ensinam os filhos a atravessar a vida com coragem, mesmo quando o caminho se enche de espinhos.
Educar é formar para a vida, não para a fuga do sofrimento. E é isso que as mães sabem fazer como ninguém. Sabem proteger, mas também sabem soltar, encorajar, ensinar a cair e a levantar. Na escola silenciosa da maternidade, nas atitudes cotidianas, está a pedagogia da fortaleza. E nessa missão, as mães espelham a figura de Maria, a Virgem fiel, que ensinou o Menino Deus a crescer em graça e sabedoria, mesmo entre as contradições do mundo.
Neste ano jubilar, contemplamos essa bondade mariana como farol de esperança. O olhar das mães, especialmente das mães idosas, tem algo de eterno. Não podemos permitir que elas sejam esquecidas ou descartadas. Elas são bibliotecas vivas, são orações encarnadas, são testemunhas do amor que não desiste. Ouvi-las é como sentar-se à beira de um poço de sabedoria. Estar com elas, simplesmente estar, é um ato de fé e gratidão.
A bênção do novo Papa é também um chamado a todos nós. No Evangelho deste domingo, Jesus se apresenta como o Bom Pastor. Ele é aquele que conhece cada uma de suas ovelhas, que não desiste da que se perdeu, que enfrenta o lobo para proteger o mais frágil. Esse Pastor, que carrega ao colo, nos ensina que autoridade não é poder, mas serviço. Liderar é doar-se. E quanto precisamos disso em todos os níveis da sociedade!
O Papa, o pai de todos, é chamado a essa entrega. Mas também nós: pais, mães, líderes, formadores, professores, cidadãos. Somos todos pastores uns dos outros, mas também ovelhas do único Pastor. E como alertava o padre Raniero Cantalamessa, o mundo de hoje despreza o papel de ovelha, mas vive como rebanho massificado. Somos levados por modas, slogans, consumos, como marionetes de um sistema que nos anestesia.
O chamado de Cristo é outro: é o chamado à liberdade. Liberdade interior, que só o Espírito Santo pode dar. Pertencer ao rebanho de Cristo é encontrar um lugar onde a pessoa é respeitada, amada, valorizada por si mesma, não manipulada. Onde está o Espírito do Senhor, aí está a liberdade! E essa liberdade começa quando sabemos em quem colocamos nossa confiança: estamos, afinal, nas mãos de Deus.
Deus abençoe sempre o Papa Leão XIV. Deus abençoe as mães do mundo inteiro. Que o Ressuscitado continue a guiar sua Igreja pelas estradas do mundo com a ternura do Bom Pastor e com a força da paz.