Dra. Lara Fernandes
Vereadora do município de Vitória da Conquista
Vitória da Conquista, terceira maior cidade da Bahia, vive um paradoxo urbano: ao mesmo tempo em que se expande como polo regional de serviços, saúde e educação, sua malha viária revela sinais de esgotamento e abandono. O Anel Viário, concebido para ser uma solução estratégica de mobilidade, transformou-se em um vetor de acidentes, insegurança e isolamento para diversas comunidades periféricas.
Pontos Críticos e Riscos Latentes
Entre os trechos mais problemáticos da cidade, destacam-se quatro áreas que concentram alto risco para pedestres, ciclistas e motoristas:
- Trevo de Acesso ao Distrito Industrial dos Imborés (“Trevo da Morte”)– A ausência de um viaduto, a má sinalização e a falta de controle de fluxo tornam este ponto uma armadilha constante.
- Saída para Itambé (BR-263)– Com mais de 28 mil veículos por dia, o trecho permanece sem estrutura adequada para travessia de pedestres, resultando em frequentes atropelamentos.
- Entradas dos bairros Henriqueta Prates e Miro Cairo– Comunidades populosas que convivem com o risco diário ao cruzar uma via sem sinalização vertical eficiente, nem passarelas.
- Entrada para o bairro Campinhos– Este ponto merece destaque especial. Com o crescimento populacional da zona oeste, o fluxo de pedestres e ciclistas aumentou exponencialmente. Famílias, estudantes e trabalhadores enfrentam a travessia do Anel Viário em condições extremamente vulneráveis, principalmente em horários de pico e à noite, quando a iluminação pública é precária ou inexistente.
Soluções Estruturais Urgentes
A mobilidade urbana precisa ser tratada com planejamento técnico, responsabilidade social e agilidade executiva. Algumas soluções são urgentes:
- Construção de Viadutos– Prioritariamente no acesso ao Distrito Industrial, a fim de separar fluxos pesados e evitar colisões frontais e transversais.
- Implantação de Passarelas– Três pontos são prioritários: acesso aos bairros Miro Cairo, Henriqueta Prates e, agora com igual urgência, Campinhos. Essas estruturas devem ser projetadas com acessibilidade plena, iluminação em LED e monitoramento por câmeras de segurança.
- Melhoria de Iluminação e Sinalização– Investimento em tecnologia viária com placas fotoluminescentes, redutores de velocidade inteligentes e iluminação contínua nos trechos mais perigosos.
- Vitória da Conquista não pode continuar sendo tratada com descaso pelas autoridades federais e estaduais. A construção das passarelas no anel viário, por exemplo, é uma demanda urgente para salvar vidas e garantir acessibilidade. Por isso, sou contrário à proposta de Parceria Público-Privada (PPP) nesse caso específico. Obras como essas, de natureza essencial e que envolvem segurança e dignidade humana, devem ser custeadas exclusivamente com recursos públicos, oriundos do orçamento da União ou por meio de emendas parlamentares. Transferir essa responsabilidade à iniciativa privada, neste momento, é um sinal claro de omissão e descompromisso com o povo.Luto por uma representatividade política que tenha coragem de cobrar o que é de direito da nossa cidade. Deputados federais e senadores que recebem votos aqui precisam se posicionar e garantir recursos por meio de emendas, pressionando o governo federal a cumprir sua função. Não podemos aceitar que obras públicas vitais sejam tratadas como negócio. O anel viário de Conquista exige ação estatal, planejamento sério e execução com recursos públicos — não contratos que, no fim das contas, poderão servir mais ao lucro do que à população.
Conclusão
Vitória da Conquista precisa virar a chave da improvisação para o planejamento estratégico em mobilidade urbana. O Anel Viário, hoje uma fronteira de insegurança, pode e deve ser transformado em um eixo de conexão e cidadania. Com vontade política, parcerias bem conduzidas e foco em resultados, a cidade tem tudo para garantir que seus moradores se desloquem com segurança, dignidade e eficiência.
Os bairros Campinhos, Miro Cairo, Henriqueta Prates e o Distrito Industrial não podem mais esperar. A passarela que falta é o elo entre a vida e o descaso. E isso é responsabilidade de todos nós.