Política e Resenha

O Intrincado Tabuleiro Político na Escolha do Tribunal de Contas dos Municípios

 

 

 

Por Padre Carlos

O xadrez político na Bahia ganha novas peças com as indicações do PCdoB e do PT para a vaga no Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). Contudo, a escolha dos deputados estaduais Fabrício Falcão e Paulo Rangel para o cargo revela nuances que merecem uma análise mais profunda.

A justificativa do PT ao apontar Paulo Rangel como o candidato ideal, embasada em sua experiência técnica e política, capacidade de articulação e reconhecida idoneidade moral, destaca-se pela falta de clareza. Afinal, não seria Fabrício Falcão, indicado pelo PCdoB, igualmente qualificado, considerando sua competência e boas relações no cenário político?

A unanimidade na escolha de Rangel pela bancada do PT na Assembleia Legislativa da Bahia levanta questões sobre a verdadeira natureza desse apoio. A participação do deputado federal Waldenor, que não tem direito ao voto nessa decisão, e do deputado estadual Zé Raimundo, ambos do mesmo grupo político, intensifica o mistério. A falta de ações concretas associadas a esse apoio apenas alimenta dúvidas sobre sua legitimidade e propósito.

O apoio de boca, desprovido de ações concretas, levanta questionamentos sobre sua sinceridade e comprometimento. Será que o deputado Fabrício Falcão depositou sua confiança nesse apoio ou seria isso apenas um gesto vazio de retórica? Essa atitude contradiz o pragmatismo que se espera de um partido dirigente, evidenciando uma certa dificuldade em dividir o poder.

As entrelinhas desse episódio remetem a uma reflexão provocativa. O comportamento do PT nesse contexto assemelha-se às palavras de uma música de Luiz Gonzaga, onde a distribuição de favores parece seguir uma lógica peculiar: “Uma pra mim, uma pra tu, uma pra mim; uma pra mim, uma pra tu, outra pra mim, outra pra…” – uma cadência que sugere uma partilha seletiva de benefícios.

Diante desse cenário, é legítimo questionar se a indicação de Paulo Rangel é realmente baseada em critérios técnicos e méritos, ou se há uma dança de interesses políticos nos bastidores. A transparência e ações concretas serão cruciais para dissipar qualquer nuvem de dúvida e preservar a integridade do processo de escolha no Tribunal de Contas dos Municípios. A Bahia, mais uma vez, observa atentamente as peças se movendo no intricado jogo político regional.