Hoje é um dia especial, não apenas para aqueles que compartilham da mesma fé, mas para todos que conhecem a trajetória marcante de Dom Zanoni Demettino Castro. Neste 23 de janeiro, celebramos os 62 anos de vida desse amigo de longa data, meu irmão do clero e uma figura fundamental em nossa cidade de Vitória da Conquista e Feira de Santana onde está servindo esta igreja local como seu Pastor e Arcebispo e por todos os cantos do Brasil onde se faz presente com suas ações pastorais na CNBB.
Em nossas memórias, resgatamos a época do seminário, onde Zanoni se destacava não apenas por sua alegria e espírito brincalhão, mas também por sua seriedade e foco em todas as suas atividades. Ao falarmos de vocação sacerdotal, recordamos que o seguimento radical de Jesus exige renúncia e entrega total da própria vontade. Dom Zanoni personifica esses princípios, guiando-se pelo ensinamento do Pe. Benedito, seu formador e mentor.
A história de Dom Zanoni está intrinsecamente ligada à diocese que passou a apoiar as lutas sociais e a enfrentar as adversidades vividas pelo povo em nossa cidade. A Igreja Católica, sob sua liderança de Dom Climério fez um compromisso social radical, mostrando que o verdadeiro desafio não residia em questões dogmáticas, mas sim na resposta à opressão e exploração enfrentadas pelos menos favorecidos. Essa abordagem gerou vocações, sendo a de Dom Zanoni uma delas.
Ao completar 62 anos, Dom Zanoni se torna um memorial vivo, resgatando a memória daqueles que o acompanharam em sua jornada. As comemorações se espalham por diferentes cidades por onde este homem de Deus pastoreou.
Enquanto as elites buscavam uma Igreja que legitimasse seu poder, Dom Zanoni, alinhado ao Deus de Jesus, rejeitava o conceito de um Deus-Poder que justificasse dominação. Sua coragem ao abrir a catedral para celebrar a missa em memória de Teté e denunciar injustiças o colocou na mira de uma elite atrasada e com os setores conservadores e burgueses da sociedade.
A vocação profética de Dom Zanoni o levou a denunciar a chacina da fazenda Mucambo, colocando sua vida em risco. Mesmo ameaçado de morte, não recuou e foi a Brasília lutar pela desapropriação das terras, resultando em 23 assentamentos do MST na região. Seu compromisso com a justiça e a defesa intransigente da vida se destaca em cada passo de sua jornada.
Ao olharmos para trás, contemplamos os caminhos percorridos por Dom Zanoni em seus 62 anos de existência e concluímos que aquele que busca a paz deve trabalhar pela justiça.
Parabéns, companheiro! Que sua vida continue a ser uma inspiração para todos nós.
Padre Carlos