O Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo recentemente abriu uma investigação que coloca sob os holofotes duas gigantes da tecnologia, Google e Meta, donas do YouTube e Facebook, respectivamente. O alvo da apuração? O combate ao discurso de ódio contra as mulheres nas plataformas.
A decisão, assinada no último dia 12, surge como uma resposta a uma apuração preliminar realizada no ano anterior. Discursos de ódio propagados em publicações no YouTube e no Facebook foram cuidadosamente analisados, sendo um dos casos destacando o influenciador digital Thiago Schoba, conhecido como “Thiago Schutz, coach de masculinidade”. Um nome que, por si só, já gera polêmica.
Até o ano passado, Schutz figurava como réu por ameaça e violência psicológica contra mulheres na Justiça paulista. Em novembro, o processo foi suspenso, mas as polêmicas persistem, como evidenciado por sua mensagem direta à atriz Lívia La Gatto: “Processo ou bala, você escolhe”. Uma declaração que ecoa na eterna justificativa de “mal interpretado”.
A investigação levanta questionamentos cruciais sobre a eficácia das políticas internas dessas plataformas na erradicação do discurso de ódio. A Meta, em resposta, afirma veementemente que não tolera tal comportamento em suas plataformas, enfatizando os Padrões da Comunidade que proíbem qualquer conteúdo que ataque pessoas com base em diversas características.
A Google, no entanto, permanece em silêncio diante da polêmica. O que levanta a seguinte indagação: a falta de resposta representa uma defesa ou uma falha em reconhecer a seriedade do problema?
As plataformas digitais têm adotado a inteligência artificial como ferramenta crucial para revisar conteúdos, mas será essa tecnologia realmente capaz de discernir nuances e contextos sensíveis presentes no discurso humano? A resposta pode determinar não apenas o futuro dessas plataformas, mas também a segurança e bem-estar das mulheres que nelas participam.
Em um mundo cada vez mais digital, onde a liberdade de expressão muitas vezes colide com o respeito e a dignidade, é imperativo que a sociedade, juntamente com as plataformas, questione e desafie a eficácia dessas medidas. O silêncio, seja ele o da Google ou o provocado pelo discurso de ódio, não pode ser aceito como resposta.