Política e Resenha

ARTIGO – “A Dualidade da Lei”

Prezado leitor,

É fascinante observar como as palavras proferidas por figuras históricas continuam a ressoar em nossa sociedade, moldando a forma como percebemos a lei e a justiça. O ditado “aos amigos tudo, aos inimigos o rigor implacável da lei, se possível”, inicialmente atribuído ao ex-presidente Artur Bernardes e posteriormente adotado e aprimorado por Getúlio Vargas, oferece uma visão intrigante da dualidade que permeia nosso sistema político e legal.

Vargas, em seu papel ambíguo como ditador e presidente, ilustra vividamente essa dualidade. Enquanto ditador, ele impunha os rigores da lei a seus adversários políticos, enquanto, ironicamente, protegia seus aliados e apoiadores. A máxima de que “o Diário Oficial é o local onde se arquiva amigos e aliados” parece que foi composta para a gente ela revela a realidade cínica de um sistema onde os acordos e orientações são manipulada para atender a interesses pessoais e políticos.

Essa lógica distorcida não é exclusiva do passado; ela persiste em nossos dias, criando uma dicotomia entre aqueles que são obrigados a obedecer as normas e estatutos e aqueles que estão acima delas. É um fenômeno que permeia as estruturas políticas e sociais, deixando aqueles que ainda acreditam na meritocracia e na justiça igualitária perplexos diante da disparidade flagrante.

Lembrando-me das conversas que tinha com alguns companheiros quando acreditava neste sistema, é evidente que essa dualidade não apenas perdura, mas também se intensifica. Partidos de direita ocupam espaços de liderança com relativa facilidade, enquanto aqueles que ainda creem na meritocracia enfrentam obstáculos consideráveis. É uma realidade que nos força a confrontar questões profundas sobre a natureza de nossa democracia e a integridade de nosso sistema legal.

Fora da bolha onde o poder político se sobrepõe à justiça, surge uma diáspora de indivíduos que não podem mais tolerar essa discrepância flagrante. A busca por uma sociedade onde todos são iguais perante a lei torna-se uma missão urgente e necessária. É um chamado para ação, uma convocação para redefinir nossa compreensão da justiça e da equidade.

Atenciosamente,

Carlos Roberto