Política e Resenha

O Homem da Capa Preta: Tenório Cavalcanti e o Pavor de ACM

 

Prezados leitores,

A história política do Brasil é repleta de personagens intrigantes, cujas trajetórias muitas vezes se entrelaçam de maneira surpreendente. Tenório Cavalcanti, conhecido como o Homem da Capa Preta, foi um desses personagens, cuja vida foi marcada por polêmicas, violência e um humor ácido que o destacou na política brasileira. Hoje, vamos explorar uma cena cômica e humilhante envolvendo Tenório e o influente político baiano Antônio Carlos Magalhães (ACM).

Nascido em 27 de setembro de 1906, em Palmeira dos Índios, Alagoas, Tenório Cavalcanti cresceu em meio à pobreza e à violência do sertão nordestino. Sua personalidade agressiva e vingativa, provavelmente moldada por essas experiências traumáticas, o acompanhou ao longo da vida. Ao chegar ao Rio de Janeiro em busca de oportunidades, Tenório encontrou seu caminho na política, representando os moradores desfavorecidos da Baixada Fluminense.

Sua fama de pistoleiro e suas táticas controversas lhe renderam o apelido de Homem da Capa Preta. Tenório não hesitava em usar sua metralhadora Lurdinha para intimidar seus adversários políticos. Sua carreira foi marcada por conflitos, denúncias e uma série de eventos notáveis, mas um deles se destaca especialmente: o confronto com Antônio Carlos Magalhães.

Em um dia tumultuado no cenário político, Tenório estava discursando na tribuna e denunciou a corrupção de aliados de ACM e chamando o próprio deputado baiano de ser cúmplice. Acm reagiu ofendendo Tenório e chamando o de protetor do jogo e do lenocínio. Tenório não hesitou em sacar sua arma e apontá la para sua desavença. Houve pânico e confusão no plenário enquanto alguns parlamentares tentavam impedir o pior. O deputado baiano ficou tão assustado que urinou nas calças. Tenório, então, desistiu de atirar e zombou de ACM, dizendo que só matava homem.

Este episódio ilustra não apenas a personalidade explosiva de Tenório, mas também revela a fragilidade das instituições democráticas da época. A reação inusitada de ACM diante da ameaça de Tenório expôs as tensões e rivalidades políticas que permeavam o Brasil naquela época.

Infelizmente, a trajetória política de Tenório Cavalcanti foi interrompida pelo regime militar, que cassou seus direitos políticos. Ele se retirou da cena pública e passou seus últimos anos em relativo anonimato, longe dos holofotes políticos. Tenório faleceu em 5 de maio de 1987, aos 80 anos, em Duque de Caxias, deixando para trás uma história repleta de contradições e conflitos.

Este episódio bizarro, envolvendo Tenório Cavalcanti e Antônio Carlos Magalhães, serve como um lembrete das complexidades do cenário político brasileiro do século XX. Uma mistura intrigante de violência, bravura e humor, que continua a intrigar e fascinar aqueles interessados na rica tapeçaria da história política do Brasil.

Atenciosamente,

Padre Carlos