O Brasil vive um momento crítico de sua história, em que a sombra da militarização ameaça a democracia e os direitos humanos. Desde a proclamação da República, em 1889, o país sofreu com golpes de Estado, intervenções militares e a tutela dos poderes civis pelas Forças Armadas. Essa influência autoritária impediu o pleno desenvolvimento de uma cultura democrática, baseada no respeito à diversidade, à participação popular e ao Estado de Direito.
O regime militar de 1964-1985 foi o ápice dessa distorção, impondo uma ditadura que violou os direitos humanos, reprimiu as liberdades, censurou a imprensa, torturou e matou opositores, e atrasou o desenvolvimento econômico e social do país. Além disso, o regime militarizou a sociedade e as instituições, criando uma mentalidade de guerra, de inimigos internos, de obediência cega e de violência como solução.
A “Nova República”, surgida em 1985, após o fim da ditadura, não conseguiu romper totalmente com esse passado, mantendo resquícios de militarização em vários setores da sociedade. Um exemplo disso é a polícia militar, que segue uma lógica de confronto e repressão, e não de prevenção e proteção. Outro exemplo é a justiça militar, que julga os crimes cometidos por militares contra civis, garantindo a impunidade e a falta de transparência.
Esse cenário se agravou com a ascensão de Jair Bolsonaro, um ex-capitão do Exército que elegeu a nostalgia do regime militar como plataforma política. Durante seu mandato, Bolsonaro tem feito apologia à ditadura, elogiado torturadores, atacado as instituições democráticas, desrespeitado os direitos humanos, negado a ciência, e incentivado a violência e o ódio. Além disso, Bolsonaro tem se cercado de militares em seu governo, dando a eles cargos estratégicos e poder de decisão. As Forças Armadas, por sua vez, têm se aproximado perigosamente do governo, flertando com o golpismo e alimentando a polarização política.
Diante desse quadro, torna-se urgente desmilitarizar o Brasil para fortalecer a democracia e construir um futuro mais pacífico e próspero. Desmilitarizar o Brasil significa reduzir o papel político das Forças Armadas, garantindo que elas sejam subordinadas ao poder civil e respeitem a Constituição. Significa também desvincular as polícias das Forças Armadas, transformando-as em instituições civis, com formação humanista, controle social e foco na segurança cidadã. Significa ainda abolir a justiça militar, transferindo os crimes cometidos por militares para a justiça comum, assegurando o devido processo legal e a responsabilização.
Desmilitarizar o Brasil é defender a democracia, pois só assim o país poderá superar o autoritarismo, o militarismo e o fascismo que ameaçam a nossa liberdade, a nossa dignidade e a nossa soberania. Desmilitarizar o Brasil é defender a paz, pois só assim o país poderá promover a cultura de direitos humanos, a convivência pacífica, a justiça social e o desenvolvimento sustentável. Desmilitarizar o Brasil é defender o futuro, pois só assim o país poderá garantir às novas gerações um país mais justo, mais democrático e mais humano.