Em um caso que escancara o racismo estrutural enraizado em nossa sociedade, o médico obstetra Luís Leite, em Itabuna, Bahia, foi preso por injúria racial contra uma auditora da Secretaria de Saúde. A fala do médico, “Você já viu alguém com pele preta ser bonita assim? Então, afirmo que se você é bonita é porque você tem sangue branco”, é repugnante e demonstra uma visão distorcida e preconceituosa da beleza.
A fiança de R$ 14.120, equivalente a 10 salários mínimos, para que o médico responda pelo crime em liberdade é um tapa na cara da justiça e da comunidade negra. A banalização do racismo com penas irrisórias reforça a mensagem de que a vida e a dignidade de pessoas negras valem menos.
É inadmissível que um profissional da saúde, cuja função é cuidar de vidas, reproduza e perpetue estereótipos racistas. A maternidade, um espaço já carregado de vulnerabilidade para mulheres negras, se torna ainda mais hostil com a presença de indivíduos que discriminam por conta da cor da pele.
A delegada Lisdeili Nobre, responsável pelo caso, destaca que a fala do médico configura injúria racial, crime previsto no Código Penal. A investigação deve ser rigorosa e exemplar, punindo o agressor e servindo como um aviso de que o racismo não será tolerado.
É necessário ir além da punição individual. O caso do Dr. Luís Leite é um sintoma de um problema sistêmico que exige medidas estruturais para combatê-lo. Precisamos de:
- Educação antirracista nas escolas e universidades, conscientizando as novas gerações sobre o impacto do racismo na sociedade.
- Implementação de políticas públicas de promoção da igualdade racial, com ações afirmativas que garantam oportunidades iguais para todos.
- Treinamentos periódicos para profissionais da saúde sobre o atendimento humanizado e livre de discriminações, com foco na valorização da diversidade e respeito às diferenças.
A luta contra o racismo é um compromisso de toda a sociedade. Não podemos nos calar diante de atos discriminatórios como o do Dr. Luís Leite. É hora de mobilizarmos e exigirmos uma sociedade mais justa e igualitária, onde a cor da pele não defina a beleza, o valor ou as oportunidades de ninguém.