A Ilha do Marajó, no Pará, voltou aos holofotes nacionais na última semana após a viralização de um vídeo da cantora gospel Aymeê, que denunciou a exploração sexual infantil na região. A fala da artista, embora tenha mobilizado a opinião pública, gerou debate sobre a veracidade das informações e o risco da propagação de desinformação.
É importante reconhecer a gravidade da situação no Marajó. O Pará registra uma média de cinco casos de abuso e exploração sexual infanto-juvenil por dia, número superior à média nacional. O arquipélago, com seu baixo IDH e carência de políticas públicas, torna-se ainda mais vulnerável a tais crimes.
No entanto, é preciso cautela ao abordar o tema. A mistura de fatos e sensacionalismo, como no caso da fala de Aymeê, pode levar à estigmatização da população marajoara e à criminalização da pobreza.
É fundamental destacar que a exploração sexual infantil não é uma “normalidade” no Marajó. Diversas organizações, como o Observatório do Marajó e a Cooperação da Juventude Amazônida, lutam há anos contra essa realidade e defendem a implementação de políticas públicas eficazes para a proteção de crianças e adolescentes.
Ao invés de alimentar o pânico e a desinformação, é necessário:
- Apoiar as iniciativas locais: Reconhecer e fortalecer o trabalho das organizações que atuam na região, como o Observatório do Marajó e a Cooperação da Juventude Amazônida.
- Cobrar ações do Estado: Exigir das autoridades competentes a implementação de políticas públicas eficazes para o combate à exploração sexual infantil no Marajó, com foco na prevenção, educação e punição dos crimes.
- Conscientizar a sociedade: Promover debates e campanhas de conscientização sobre a exploração sexual infantil, combatendo o estigma e a criminalização da pobreza.
Somente através de um compromisso conjunto entre a sociedade civil, o Estado e as autoridades será possível enfrentar a grave realidade da exploração sexual infantil no Marajó, sem cair no sensacionalismo e na desinformação.