Em um caso surreal que beira o absurdo, a Vale se encontra em uma batalha judicial contra si mesma. A empresa, que detém 77,5% da hidrelétrica Risoleta Neves por meio do Consórcio Candonga, luta contra a Samarco, da qual também é sociedade majoritária (50%), pelas peças de reposição dos danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão em Mariana (MG). ) em 2015.
A hidrelétrica, paralisada desde uma tragédia, teve seu reservatório invadido por 9,6 milhões de metros cúbicos de lama. A Samarco, responsável pela barragem, assumiu o compromisso de remover todo o material, mas até o momento retirou apenas 5%.
O Consórcio Candonga, indignado com a “desídia” da Samarco, acionou a Justiça e cobra a dragagem completa do reservatório. A Vale, por outro lado, se omite no caso da Samarco, enquanto pressionava a empresa na outra frente.
A situação é complexa e repleta de ironias. A Vale, responsável pelo desastre que causou danos imensuráveis à região e às vítimas, agora se coloca como vítima da própria negligência. A empresa tenta se distanciar da tragédia, dividindo-se em duas pessoas jurídicas: a Vale “do bem” (Consórcio Candonga) e a Vale “do mal” (Samarco).
Um imbróglio judicial com consequências graves
A disputa judicial entre os “Vales” coloca em risco a recuperação da usina hidrelétrica e, consequentemente, a geração de energia limpa e o desenvolvimento da região. A lama acumulada no reservatório causa danos aos equipamentos e reduz a capacidade de geração de energia, impactando o meio ambiente e a economia local.
O Consórcio Candonga pede uma multa diária de R$ 1 milhão à Samarco pelo descumprimento do acordo de dragagem. A Samarco, por sua vez, se defende alegando que já aposentou o suficiente para a retomada da operação da usina e que a remoção total levaria 27 anos.
Falta de compromisso com os acessórios e a justiça
A postura da Vale revela uma falta de compromisso com os reparos dos danos causados pela tragédia e com a justiça para as vítimas. A empresa se coloca como vítima e tenta se eximir de suas responsabilidades, enquanto as comunidades atingidas ainda sofrem as consequências do desastre.
A guerra judicial entre os “Vales” é um símbolo de impunidade e de falta de compromisso das grandes empresas com o meio ambiente e com as pessoas. A sociedade civil precisa se mobilizar para exigir que a Vale assuma a responsabilidade por seus atos e que os reparos dos danos causados pela tragédia de Mariana sejam feitos de forma justa e célere.
Um futuro incerto para a hidrelétrica e para as vítimas
O futuro da usina hidrelétrica Risoleta Neves e as vítimas da tragédia de Mariana ainda é incerto. A guerra judicial entre os “Vales” se arrasta e não há uma solução clara à vista.
A sociedade civil precisa acompanhar o caso e cobrar das autoridades e da empresa um compromisso real com a reposição dos danos e com a justiça. A Vale precisa ser responsabilizada por seus atos e as vítimas precisam ser ressarcidas pelos seus sofrimentos.
A luta por justiça e acessórios continua
O caso da Vale x Vale é um exemplo da luta que precisa ser travada contra a impunidade e a negligência das grandes empresas. A sociedade civil precisa se mobilizar para exigir que as empresas assumam a responsabilidade por seus atos e que os danos causados ao meio ambiente e às pessoas sejam reparados de forma justa e célere.
A tragédia de Mariana não pode ser esquecida. A luta por justiça e acessórios para as vítimas precisa continuar.
Maria Clara, articulista da Política