A recomposição do imposto de importação para carros eletrificados trouxe consigo uma onda de controvérsias e questionamentos sobre seu real impacto no setor automotivo brasileiro. Enquanto alguns o veem como um crucial impulsionador para o investimento recorde das montadoras no país, outros enxergam-no como um obstáculo ao avanço das tecnologias de baixa emissão. No epicentro desse debate está a visão do Ministério, que defende firmemente a medida como parte de uma estratégia mais ampla de desenvolvimento industrial e inovação.
O setor de carros elétricos, inicialmente contrário à recomposição do imposto, expressou sua frustração diante da decisão que, para muitos, parecia minar os esforços de expansão das tecnologias sustentáveis no Brasil. Com tarifas aumentando ano após ano, até atingir 35% em 2026, as perspectivas iniciais pareciam sombrias para aqueles que apostavam na eletrificação do transporte.
No entanto, segundo Uallace Moreira, secretário de desenvolvimento industrial, inovação, comércio e serviços, essa medida foi parte integrante do programa Mover, que visa não apenas a contenção da importação, mas também o estímulo à produção nacional. Associada a incentivos fiscais e programas de realocação de plantas industriais, a recomposição do imposto busca criar um ambiente propício para investimentos de longo prazo, gerando emprego e renda no país.
Os anúncios recentes de investimento por parte das montadoras, incluindo o impressionante compromisso da Stellantis de investir R$ 30 bilhões até 2030, sugerem que o ciclo de aportes no setor automotivo brasileiro está prestes a atingir níveis sem precedentes. Com projeções que apontam para cifras que ultrapassam os R$ 100 bilhões até o final desta década, as perspectivas são animadoras para a indústria e para a economia como um todo.
No entanto, as vozes críticas argumentam que os principais investimentos já estavam em andamento antes da recomposição do imposto, sendo o programa Mover o verdadeiro motor por trás desses anúncios. A regulamentação do programa e a implementação de outras medidas, como o projeto de lei da depreciação superacelerada, são agora os próximos passos cruciais para consolidar esse cenário de investimento e crescimento.
Em meio a esse debate, é fundamental que se leve em conta não apenas os interesses econômicos das empresas, mas também os impactos sociais e ambientais dessas políticas. A busca por um equilíbrio entre competitividade e sustentabilidade deve guiar as decisões do governo e das empresas, garantindo que o desenvolvimento econômico seja acompanhado por avanços significativos em direção a um futuro mais verde e inclusivo.
Maria Clara, articulista do política e resenha