O Kremlin celebra, mas a democracia russa chora. A recente eleição presidencial, na qual Vladimir Putin emergiu triunfante com quase 90% dos votos, foi mais do que uma vitória política; foi um espetáculo de fraude e corrupção sem precedentes. O grupo independente Golos (“Voz”) não poderia ter sido mais claro em sua denúncia: esta foi a eleição mais fraudulenta e corrupta da história russa.
A campanha eleitoral decorreu sob uma nuvem de repressão e falta de liberdade. Os direitos e liberdades políticas garantidos pela Constituição da Rússia foram ignorados e negligenciados. O Golos lamenta que nunca antes uma campanha presidencial tenha tão flagrantemente desrespeitado os padrões constitucionais do país.
Enquanto o Kremlin tenta pintar um retrato de união nacional em torno de Putin, o mundo observa horrorizado. Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e outros países democráticos condenaram veementemente a eleição, apontando a prisão de opositores políticos e a censura como evidências claras de que o processo não foi nem livre nem justo.
O Golos, único órgão independente de fiscalização eleitoral na Rússia, enfrentou inúmeras adversidades. Rotulado como “agente estrangeiro” e proibido de enviar observadores aos locais de votação, o grupo tem lutado contra a perseguição e a intimidação das autoridades. Um de seus líderes, Grigory Melkonyants, enfrenta acusações politizadas enquanto aguarda julgamento atrás das grades.
A pressão sobre os eleitores foi intensa. Observadores foram retirados das assembleias de voto e intimados a comparecer nos cartórios militares. Agentes da lei vigiavam os eleitores, violando sua privacidade e intimidando-os. Incidentes de intimidação foram relatados em toda a Rússia, minando a confiança no processo democrático.
Apesar das tentativas desesperadas de silenciar a dissidência, alguns russos corajosos se manifestaram. Incidentes de protesto eclodiram em todo o país, simbolizando a resistência contra um sistema que sufoca a voz do povo.
Àqueles que tentaram interromper a votação, o governo respondeu com ameaças e violência. A prisão de dezenas de pessoas demonstra a brutalidade de um regime disposto a calar qualquer voz discordante.
Enquanto o Kremlin celebra uma falsa vitória, a verdadeira voz da democracia russa clama por justiça. Esta eleição manchada pela fraude e corrupção não é digna do povo russo, nem do mundo civilizado que preza a liberdade e a justiça eleitoral.
Maria Clara, articulista do política e resenha