Recentemente, o promotor Davi Gallo tornou-se o centro de uma polêmica após uma entrevista ao podcast jurídico JusPod, do Bahia Notícias. Na ocasião, Gallo afirmou que pedidos feitos pelo espírito do adolescente Lucas Terra, morto em 2001, teriam influenciado sua decisão de não desistir da luta pela justiça no caso.
A declaração causou mal-estar na classe jurídica, já que alegar orientação de uma fonte sobrenatural para as decisões tomadas em um caso de enorme importância social e jurídica pode ser visto como uma afronta à ética profissional e à racionalidade exigida no exercício da profissão.
No entanto, em nota enviada ao site Bahia Notícias, Gallo afirmou que se confundiu ao narrar a história e que sua declaração foi infeliz, uma vez que quis destacar a dimensão humana e a empatia que o caso despertou nele.
A questão levantada por essa controvérsia é relevante: qual é o lugar da espiritualidade na busca pela justiça? Em um mundo cada vez mais polarizado e secundarizado pela racionalidade, a espiritualidade pode ser vista como algo deslocado do âmbito da justiça.
No entanto, é importante reconhecer que a espiritualidade pode desempenhar um papel importante na formação de valores, na promoção da empatia e na luta por uma sociedade mais justa. O problema surge quando a espiritualidade é usada como argumento para decisões que devem ser fundamentadas em leis, provas e procedimentos jurídicos.
Neste caso, é fundamental entender que a busca pela justiça deve se basear em princípios universais e seculares, como a igualdade perante a lei e o respeito às normas jurídicas, sem desconsiderar a importância da dimensão humana e emocional na tomada de decisões.
A importância do caso do promotor Gallo está em nos fazer refletir sobre o papel da espiritualidade e da empatia na justiça e na vida pública. É preciso encontrar um equilíbrio entre a racionalidade e a empatia, entre as regras e os valores, para que a busca pela justiça seja realmente uma causa nobre e humana.
